quarta-feira, 17 de agosto de 2011

ESTUDOS BETESDA / I CORÍNTIOS / PARTE 6

A Disciplina na Igreja?

I Coríntios 5
A Questão:

A Igreja de Corinto se supera, chegando ao ponto de cometer pecados que nem aqueles que não haviam crido em Jesus eram capazes de cometer e o pior é que a cegueira deles era tanta que chegam a se orgulhar desse pecado. Tudo feito com a justificativa da liberdade cristã! Mas até onde vai a nossa liberdade como crente?

O que Paulo diz?

O Escândalo Sexual (5:1–13)
Na Igreja havia um jovem que estava tendo relações sexuais com a sua madrasta (mulher de seu próprio pai). Essa mulher não era sua mãe e muito provavelmente não era um membro da igreja, pois somente ele é disciplinado por Paulo. Pior ainda é o fato de a igreja estar ensoberbecida (orgulhosa / soberba) com essas práticas, mostrando uma total falta de discernimento. Eles cometem quatro erros em relação ao pecado, são eles:

1. Concessão (permitir / consentir) ao pecado (5:1)
Permitem que esse tipo de prática circule livremente, e sem qualquer tipo de confronto com a verdade, no meio de seu povo. O jovem fazia coisas que nem mesmo no mundo era visto, e isso era tido pela igreja como orgulho. A igreja perde sua importância quando os seus padrões éticos e morais fogem aos valores de Deus. Em nome do “não tem nada a ver” muitas coisas são permitidas dentro de nossas igrejas e isso é fazer concessão ao pecado, é ferir a santidade de Deus e é um escândalo para o nosso testemunho ao mundo. Algum ano atrás circulou na imprensa a informação que a “bancada evangélica” estava envolvida em um desvio de verba pública durante a compra de ambulâncias. Um de nossos pastores escreveu uma carta a um jornal questionando o por que o jornal relacionou somente a religião dos evangélicos envolvidos e não a religião de todos os envolvidos, a resposta do jornalista nos serve de advertência, ele disse: “Nós não esperamos esse tipo de atitude de um evangélico!”. Portanto fazer concessão/permitir/abrigar o pecado em nosso meio é servir de escândalo para o nosso testemunho ao mundo.

2. Não lamentar o pecado (5:2)
A palavra lamentar (penthein) significa o choro amargo de um funeral. Você já cantou um desses cânticos?
“O tempo de cantar chegou!”; “O tempo de pular chegou!”; “Esse é um tempo de festa!”.
Eu também já cantei! Não há nenhum problema em se cantá-los, mas precisamos antes aprender a lamentar o nosso pecado e o pecado de nosso povo. Não podemos ser insensíveis ao estado moral e espiritual de nossa cidade e nossa nação! Antes de tudo, aprender a lamentar nossos próprios pecados! Feliz é o crente que antes de cantar e pular passou pelo momento do quebrantamento, onde o Senhor trata de nossos pecados. Antes de Pedro viver o Pentecostes ele precisou chorar amargamente (Lc.22:61,62 / Atos 2). Paulo antes de se tornar o grande apóstolo e missionário, precisou ficar cego durante três dias para que olhasse muito bem para dentro de si! (Atos 9)
O nosso problema é que geralmente estamos dispostos, muito dispostos a “lamentar” o pecado dos outros e muito pouco dispostos a lamentar o nosso próprio pecado. Trata-se de uma atitude de hipocrisia tentar tirar o cisco do olho do irmão, quando temos uma trave no nosso (Mateus 7:1-5).

3. Orgulhoso do pecado (v.5:2,6)
Em nome da liberdade tudo é permitido! Essa era a forma de pensar de corinto que hoje é vista se espalhando para dentro de nossas igrejas. O crente quer viver a sua vida sem ser incomodado ou confrontado com o erro. Se o pastor ou o líder diz que ele está errado, rapidamente procura um lugar que o aceite como ele é. Muitos se orgulham dessa falsa liberdade, que na verdade é libertinagem e descompromisso com os valores de Cristo.

4. Não disciplinar a igreja (v.2)
“Sempre que a igreja tem uma visão equivocada do pecado, ela falha na aplicação da disciplina.” Rev.Hernandes Dias Lopes
A Bíblia conta a história de pais que não exerceram a disciplina em seus filhos e isso foi a causa da desgraça deles, vejamos:
• I Samuel 2:30 / 3:13,14 – Eli e toda a sua família sofre, porque seus filhos estavam pecando e seu pai não lhes disciplinava.
• I Reis 1:5,6 – Adonias tenta dar um golpe de Estado em seu pai, e o motivo era que Davi nunca o contrariou.

Um amigo me contou certa vez que ele havia chamado para conversar o baterista da igreja, um jovem que estava aprontando todas e que o pastor nunca o havia chamado para conversar. Após longa conversa o jovem disse ao meu amigo: “Muito obrigado por vir falar comigo, mas sabe o que me incomoda no meu pastor? Ele nunca me questionou sobre nada!”
Entenda, todos são importantes dentro de nossa igreja! Mas a igreja não pode ser refém de ninguém que viva em pecado e não queira se arrepender e nem ser disciplinado. Paulo diz que eles precisam separar o fermento, pois pode contaminar toda a massa. Assim também a igreja, se não tomarmos cuidado podemos permitir que o pecado se espalhe e torne-se algo normal e motivo de orgulho. Varrer todo fermento!!
Quando falamos em disciplina temos que tomar cuidado com os extremos, não podemos aceitar tudo e nem acabar/humilhar aquele que esteja em pecado. Também temos que tomar cuidado para não confundirmos gosto pessoal / usos e costumes, com valores bíblicos. Em nome de práticas que não estão na bíblia, muitas pessoas já foram feridas em nossas igrejas, vejamos um exemplo que o Pr Ricardo Gondim conta em seu livro “É Proibido” a respeito de um pastor que tinha um ministério reconhecido e tomava conta de várias igrejas.
“Certo dia recebeu em sua casa vários obreiros para uma reunião de liderança. Enquanto conversava animadamente com os líderes, sua esposa chegou e interrompeu , sussurrando em seu ouvido algumas palavras: “A nossa filha cortou o cabelo”. O pastor, imediatamente, deixou os obreiros na sala, dirigiu-se ao quarto da filha tomando por fúria. Sua filha, de dezoito anos havia tosado as pontas do cabelo. O pastor, irado, e sem qualquer controle emocional, vociferou para a filha assustada: “O que é que você quer fazer comigo, menina? Você quer destruir meu ministério?” Bruscamente arrancou o cinto da calça e começou a bater na filha descontroladamente, deixando vergões ensangüentados no corpo dela. Após castigá-la com os açoites, olhou para ela e disse: “Enquanto você estiver debaixo do meu teto, eu não tolero tamanho insulto e tão grave pecado”. Depois dessa vergonhosa cena, deixou a filha machucada no quarto e voltou para a reunião para tratar dos assuntos da igreja. Quinze minutos mais tarde sua esposa voltou, novamente, agora, desesperada para lhe dar outro notícia. A moça de dezoito anos havia jogado álcool em si mesma e incendiado o próprio corpo. Para espanto do pastor, meia hora depois, sua filha estava morrendo em um pronto-socorro de um hospital. Esse é o tipo de disciplina que não tem base na bíblica. Muitas vezes, se aplica uma disciplina rigorosa, sem amor, condenando uma prática que não passa de usos e costumes.”

Admoestar/disciplinar significa estar ao lado para ensinar e ajudar, portanto essa é a forma de disciplina que Deus exerce em nós e precisamos aprender a agirmos da mesma forma com aquele que está em pecado. Confrontar com o pecado e agir com amor para restaurar o irmão, precisamos tomar cuidado para não matarmos ao invés de restaurarmos. Somos Betesda, uma Casa de Misericórdia (sentir com o coração de Deus).
A disciplina aplicada por Paulo quanto ao pecado em questão (incesto) consegue atingir ao seu objetivo, a restauração do jovem. Em II Coríntios 2:6-8 vemos que o jovem é perdoado pela igreja e por Paulo. Precisamos entender o valor da disciplina e como melhor exercê-la dentro de nossas igrejas, para que o testemunho da igreja não fique comprometido e para que aquele que cometeu o pecado seja restaurado.

Princípios Bíblicos
• Mateus 18:15-20;
• Provérbios 9:8.

Perguntas
• Qual era o problema da Igreja de Corinto?
• Quais foram os erros cometidos pela igreja?
• O que Paulo orienta?
• Você sabe a diferença entre doutrina e usos e costumes?
• Entendeu o que significa disciplinar e sua importância?

Apologia

“...estou com vocês em espírito...” 5:4
Rebeca Brown em seu livro “Ele veio para libertar os cativas” utiliza esse verso para justificar uma de suas experiências relatadas. Ela afirma que é possível enviar o seu espírito para outros lugares e que Paulo estava dizendo exatamente isso.
Duas coisas são importantes observar:
1) O contexto do capítulo e do livro não apresenta em momento algum qualquer possibilidade de Paulo estar querendo dizer algo como ensinado no livro acima citado.
2) Não se pode formular uma doutrina sem que outros textos referendem o suposto princípio. Ou seja seria necessário outros textos bíblicos que ensinassem ou abordassem esse pensamento.

Cuidado com o que você tem lido, o livro citado é campeão de vendas e muitos crentes tem trocado a leitura da Bíblia para ler livros que “estão na moda”.

Pr Fulvio Santos

A JESUS CRISTO SEJA TODA HONRA E GLÓRIA

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