sexta-feira, 28 de outubro de 2011

ESTUDOS BETESDA / I CORÍNTIOS / PARTE 14

Dons de profecia, línguas e a ordem no culto

I Coríntios 14

A questão:
O culto da Igreja de Corinto havia virado uma grande bagunça, muitos irmãos utilizavam esse momento para exibir sua “aparente” espiritualidade através do uso do seu dom. Muitos deles se diziam possuir o dom de falar em línguas e isso trazia um grande orgulho acompanhado de um complexo de superioridade que em nada glorificava a Deus ou edificava a igreja, servia somente para a autopromoção. Este estilo de culto, onde o homem acredita ser a figura central é antibíblico e demoníaco, pois Deus não divide a sua Glória com ninguém (Isaías 42:8). O verdadeiro culto visa três aspectos fundamentais:

• A Glória de Deus;
• Edificação da igreja;
• Incrédulos convencidos de seus pecados.

O que Paulo diz?
Paulo com o objetivo de admoestá-los e ensiná-los sobre o verdadeiro culto cristão, faz uma comparação entre o dom de profecia e o dom de falar em línguas. Divide sua argumentação em três partes, são elas:
• O dom de profecia é superior ao dom de línguas;
• O uso do dom e o testemunho público;
• Questões acerca da ordem do culto.

O dom de profecia é superior ao dom de línguas
O dom de profecia a que Paulo se refere não é igual ao profeta do Antigo Testamento ou do Novo Testamento, pois o que os profetas diziam era a Revelação de Deus ao homem, ou seja, a nossa Bíblia.

O que é então o dom de profecia?
 “Hoje o dom de profecia é a explanação, a exposição, e a explicação fiel da Palavra de Deus conforme está nas Escrituras.” Rev. Hernandes Dias Lopes

Não existe nenhuma possibilidade de hoje haver uma nova Revelação vinda de Deus, qualquer pessoa que acrescentar ou retirar algo da Revelação (Bíblia) é amaldiçoado por Deus (Apoc.22:18-19). Todas as seitas caem neste tipo de erro, somam as Escrituras alguma nova revelação, vejamos alguns exemplos:
• Adventista do Sétimo Dia – A “profetisa” Helen White diz ter recebido uma nova revelação e esta é colocada com o mesmo valor da Bíblia Sagrada.
• Assembléia de Deus de Boston – Pastor Oriel de Jesus diz ter recebido de Deus uma revelação do que está escrito no livro que foi selado em Apocalipse.

Vejamos algumas questões importantes sobre o dom de profecia:
1) Não se trata de uma nova revelação – Diz Billy Graham “Hoje Deus não revela mais verdades novas; a Bíblia tem uma capa definitiva”
2) A Mensagem deve ser provada pela Bíblia – Tudo o que é dito ou ensinado na igreja, deve ser examinado pelas Escrituras, pois ela é nossa Revelação vinda da parte de Deus.
Alguns líderes para justificar seus atos, utilizam-se da expressão “essa é uma revelação que Deus me deu”. Essa dita “revelação” não pode de maneira nenhuma contrariar aos princípios bíblicos.
Um grande problema que tem havido em nosso meio é que muitos líderes não só inventam coisas que não são bíblicas, como também dizem que todos aqueles que não concordam com ele são rebeldes. Isso é uma manipulação da fé e um abuso espiritual que tem ferido a muitas vidas em toda parte. Leia o livro “Feridos em nome de Deus” de Marília Camargo que você terá uma idéia de quantas pessoas tem sofrido com esse tipo de comportamento diabólico.
 Em I Coríntios 14:20 Paulo diz:
“Irmãos, não sejais meninos no juízo; na malícia, sim, sede crianças; quanto ao juízo, sede homens amadurecidos.”
 3) A Mensagem deve glorificar a Deus – No final de uma mensagem as pessoas não devem sair dizendo “Que pregador maravilhoso!”, mas sim “Que Deus maravilhoso!”. Caso saiam glorificando ao pregador ao invés de glorificarem ao Deus Todo Poderoso, estarão adorando a criatura ao invés do Criador.
 4) A Mensagem deve edificar, exortar e consolar a Igreja (I Cor.14:3-5,12,17,26) – Precisamos de equilíbrio na mensagem, ela deve em primeiro lugar apontar para Jesus, assim como fez João Batista ao encontrar o mestre (João 1:29). A mensagem deve também ser bíblica, deve-se falar o que Deus está falando através da Bíblia. Precisa também ter equilíbrio, alguns pregadores caracterizam-se por trazer sempre uma palavra de admoestação e com isso exortam, mas não são capazes de trazer consolo ao cansado. Assim também trazer só mensagens de ânimo seria um grande erro, é preciso falar o que Deus está falando! A Bíblia não deve ser usada como arma para ferir alguém de púlpito, seriam aquelas “mensagens” encomendadas.

“Um verdadeiro profeta se coloca debaixo da instrução e da autoridade das Escrituras.”           Rev. Hernandes Dias Lopes

Vejamos algumas questões importantes sobre o dom de línguas:
1) Antes de tudo, deve existir amor – No capítulo anterior já havia sido tratado essa questão e ensinado que sem amor o uso de qualquer dom é como um “bronze que soa ou como o címbalo que retine”. Neste capítulo o apóstolo já inicia dizendo “Segui o amor e procurai, com zelo, os dons espirituais.” (V.1), desta forma ele ratifica a idéia de que o amor deve preceder a qualquer manifestação espiritual.
2) Não se fala a homens, senão a Deus (v.2) – O dom de línguas possui uma característica diferenciada dos demais dons, pois ele é um dom de mistério e de relacionamento com Deus. Acontece no âmbito espiritual e não racional, sua linguagem é incompreensível e portanto deve ser tomado cuidado em seu uso, pois pode trazer confusão e não edificação. Na Igreja de Corinto, os crentes estavam fazendo uso desse dom de maneira indiscriminada e de maneira coletiva, o que fazia com que a igreja entrasse em uma grande desordem.

“Falar em línguas não envolve a mente (v.14), dirige-se apenas a Deus e não a outros seres humanos (v.2), reconhecendo-se que é para a edificação do próprio indivíduo (v.4), sendo também inteligível, porque tal pessoa em espírito fala mistérios (v.2).” David Prior

3) Edifica-se a si mesmo (v.4) – Trata-se do único dom em que é dito que seu propósito é para edificação da própria pessoa.
Certa vez um pastor perguntou a um candidato em um concílio qual seria o valor de um dom que edifica a própria pessoa. É muito simples, são dois os motivos:
a) Se Deus deu o dom, creio que é par a edificação e seria uma heresia pensar o contrário do nosso Deus.
b) Um crente edificado será benção em sua igreja!

4) Seu uso na igreja exige cuidados, pois pode causar confusão e não edificar (vs.5-11) – Nestes versos Paulo usa três ilustrações para ensinar sobre o dom de línguas e o seu uso correto, são elas:
• A flauta e a cítara (instrumento de cordas, forma aperfeiçoada da lira) (v.7) – Imagine alguém que não sabe tocar violão, o pegue para tocar durante o momento de louvor de nossa igreja. Ou alguém que nunca pegou em uma flauta e diga que vai ter uma participação especial no culto da noite. Certamente que em ambos os casos será um tragédia, ele até pode tocar mas ninguém vai entender nada e o som irá doer nos ouvidos. Essa é a comparação que Paulo faz quanto ao uso do dom de línguas e o entendimento das pessoas quanto ao seu uso, é uma linguagem direcionada a Deus e não aos homens.
• Trombeta (v.8) – Instrumento usado para convocações do povo e para o comando em batalhas. Imagine se o povo está em guerra e o comandante precise dar uma ordem, através da trombeta, para atacar. Se essa trombeta for tocada por alguém que não sabe tocar, a ordem não será entendida pelo exército e eles correrão risco de perder aquela batalha. Paulo usa essa ilustração para mostrar que nossa linguagem precisa ser compreendida por quem vai ouvi-la.
• Conversa interpessoal (v.9-11) – Experimente ligar para a China e tente somente perguntar as horas, sou capaz de apostar que você não conseguiria nem sequer entender o nome da pessoa que estará falando com você. Essa é mais uma figura que Paulo usa para mostrar a necessidade de se usar no relacionamento interpessoal uma linguagem compreensível.

5) Quem fala em outra língua não compreende o que está falando (vs.13-19) – É necessário que haja um interprete para que se entenda o que esta se falando v.13. A mente de quem fala fica infrutífera v.14, logo o dom de línguas não deve ser usado para pregação, pois a pregação precisa ser entendida por quem ouve. Paulo conclui esta parte dizendo que prefere falar 5 palavras com entendimento a 10.000 em línguas.

O uso do dom e o testemunho público (vs.20-25)
Eles estavam agindo como meninos e crianças (v.23), isso estava trazendo escândalo para a igreja. A Igreja se reunia e todos ao mesmo tempo queriam falar em línguas, isto estava fazendo com que os incrédulos pensassem que eles eram loucos (v.23). Essa prática estava trazendo confusão e não edificação ou reconhecimento do pecado e da necessidade de arrependimento.
Ainda hoje vemos muitos irmãos que ainda pensam que o dom de línguas é sinal de alto nível de espiritualidade e, além disso, fazem uso deste dom da mesma forma que a Igreja de Corinto, ou seja, todos ao mesmo tempo falando em línguas e julgando que isso seja uma atitude de extrema espiritualidade.

Questões acerca da ordem no culto (vs.26-40)
Que tipo de culto agrada a Deus? Alguns diriam que é o culto com músicas sacras e uma atitude mais solene da igreja. Outros ainda diriam que culto para ser culto de verdade precisa ter som alto e muito arrepio na coluna. A Igreja de Corinto acreditava que culto para ser culto precisava ter muitas pessoas falando em língua e ao mesmo tempo. Paulo os repreende, pois sua atitude estava sendo motivo de escândalo! Vejamos o que Paulo diz:
• Faça tudo para edificação (v.26)
• Fale um de cada vez em línguas e isso com interprete (v.27) – Fala a verdade irmão, quantas vezes você já viu alguém falar em línguas e logo depois outro trazer a interpretação do que foi dito?
• Se não há interprete, fique calado (v.28)
• Deus não é de confusão! (v.33)
O dom de línguas não deve ser proibido (v.39) – Se até agora aqueles que não falam em línguas se sentiram bem com toda a admoestação de Paulo, aqui esta o verso que se alguns pudessem já teriam arrancado da Bíblia. Paulo é bem claro em declarar a existência do dom, sua necessidade e portanto sua importância para a igreja.
• Tudo deve ser feito com decência e ordem (v.40)

Querido irmão entenda:
1) O dom de língua é bíblico e contemporâneo – não é pelo uso errado que alguns fazem que nós vamos desmerecê-lo ou condená-lo.
2) Falar em línguas não é uma evidência do Batismo no Espírito Santo – Nós cremos que somos batizados (imergidos) no Espírito Santo no ato da conversão, pois passamos a ser habitação do Espírito Santo de Deus (I Cor.3:16), o que ocorre a partir daí e você deve buscar com todas as suas forças é o Enchimento do Espírito Santo (Efésios 5:18).
3) Não se faz piadinha sobre nenhum dom espiritual – Já vi inúmeras vezes pastores e crentes fazerem piadas a respeito do dom de línguas, quando fazemos isso estamos brincando com algo que pertence a Deus e portanto estamos tomando o nome de Deus em vão.
4) Não se sinta inferiorizado - Caso alguém de alguma igreja evangélica tente inferiorizá-lo por não possuir este dom, entenda que Deus dá a cada um como lhe apraz (I Cor.12:11) e que não existe nenhum dom que todos tenham (I Cor.12:30).
5) Se você possui este dom, procure o seu pastor e converse com ele. - Todos os dons são importantes para o Corpo de Cristo.

Princípios Bíblicos
• Gálatas 1:8-9
• Atos 17:11
• Mateus 22:29
• Daniel 11:32
• I Pedro 4:10-11

Perguntas
• Entendeu o que significa dom de profecia e suas características?
• Entendeu as questões referentes ao dom de línguas?
• Quais são as finalidades do culto?
• O que significa um culto com decência e ordem?
Pr Fulvio Santos

A JESUS CRISTO SEJA TODA HONRA E GLÓRIA


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