quinta-feira, 4 de agosto de 2011

ESTUDOS BETESDA / I CORÍNTIOS / PARTE 5

As qualificações do pastor

1 Coríntios 4

A questão:

Má compreensão do que seja um pastor!

Os crentes de Corinto buscavam um líder semelhante aos que o mundo entende como um “bom líder”. Paulo, então, confronta-os com as qualificações de um pastor e conclui dizendo que eles deveriam imitá-lo (v. 16). A admoestação, portanto, é tanto para os pastores quanto para as ovelhas.
Você já ouviu esta frase: “O mundo está entrando na Igreja”? Pois é, se o mundo está realmente entrando na igreja, entra pelos membros e principalmente pelos pastores. Assim como Deus não incendeia (aviva) uma igreja sem que antes o púlpito (pastor) seja “incendiado” (At 2), o inverso também ocorre. Ou seja, se um pastor está saudável, a igreja, provavelmente, estará. Se o pastor estiver doente, a igreja provavelmente adoecerá.
Assim como era importante nos tempos de Paulo os crentes saberem o que, de fato, representa um pastor, hoje não é diferente; precisamos conhecer o que a Bíblia fala sobre os pastores e sua relação com as ovelhas.

O que Paulo diz?
Corinto era uma cidade grega, e o grande hobby dela era ir para a praça, a ágora, a fim de escutar os grandes filósofos e pensadores discutirem suas ideias e exporem a maneira como viam o mundo ao seu redor. Eles se identificavam com um ou outro líder, tornando-se seguidores desses homens. A igreja de Corinto foi influenciada por tais comportamentos da sociedade, por isso, Paulo foi confrontá-los, apresentando algumas figuras que representam as funções e a qualificações de um pastor.
Para que precisamos saber sobre as qualificações de um pastor? Será que não bastava que aqueles que são pastores ou possuem um chamado pastoral estudassem uma lição como essa?

Temos de estudar uma lição como essa por alguns motivos

• Nossa vida é confiada a eles (pastores), logo, conhecer as qualificações de um pastor, ajuda-nos a escolher melhor debaixo de que liderança devemos estar.

• Possuímos um sistema de governo eclesiástico congregacional (a igreja toma as principais decisões) e, algum dia, esta congregação precisará escolher um novo pastor para liderá-la.

• Possuir um maior discernimento bíblico, pois muitos irmãos assistem na TV a “programas evangélicos” sem qualquer filtro, absorvem tudo o que é dito e de qualquer um que se chame “pastor, bispo, apóstolo ou missionário”. Precisamos tomar cuidado, pois o tipo de alimento que ingiro determina a minha saúde espiritual. É imprescindível observar o que é dito e por quem é dito!

Os pastores:

São ministros! (v. 1)
O ministro, no mundo, representa uma figura de autoridade governamental, alguém indicado pelo Presidente da República do Brasil para auxiliar no governo da nação brasileira. Na Bíblia, o ministro (“huperetes”) era o escravo que ficava na galé (parte mais baixa de um navio), trabalhando como um remador. Caso o navio naufragasse, ele seria o último a abandoná-lo. Ele tinha os pés amarrados com grossas correntes e trabalhava até a exaustão, sob o flagelo dos chicotes até a morte.
Se aplicarmos essa figura à vida do pastor, veremos que ele não deve ser colocado em um pedestal, holofote ou trono, pois a figura usada é a de um servo (escravo). Precisamos tomar cuidado com os extremos: não idolatrar um pastor e não faltar com o respeito com ele, nem deixar de honrá-lo e amá-lo.
Não são apenas os pastores que estão sendo admoestados com essa figura; as ovelhas também. Muitas buscam pastores segundo seu próprio coração, alguém que impressione pelas suas qualidades, vestimentas ou pela aparência de bem-sucedido. Cuidado! A igreja de Corinto errou ao buscar homens que fossem agradáveis aos seus gostos, e não ao de Deus.

São despenseiros! (v. 1,2)
Os despenseiros (“oikonomos”) eram aqueles responsáveis pela dispensa – mordomos. Vejamos algumas questões importantes sobre eles:

• Em relação ao dono da casa, ele é um escravo, mas, em relação aos demais servos, ele era o superintendente. Hoje, da mesma forma, os pastores são servos (escravos) diante de Deus e, diante da congregação, ele é o superintendente. Ele é responsável pelas vidas, pelo que é ensinado/pregado e por todas as demais atividades da igreja.

• Cuida dos interesses do seu senhor! Ele não existe para satisfazer as próprias vontades ou fazer o que lhe der na cabeça; ele possui um Senhor a quem deve prestar contas. Assim também em nossas igrejas, o pastor não pode fazer o que quiser e da maneira que desejar, pois prestará contas a Deus por tudo o que for feito por ele!

• O seu senhor fornece a alimentação; ele apenas serve o alimento. Quem determinava o cardápio do dia é o senhor, não o mordomo. A função do pastor é servir aquilo que Deus determinou. O pastor não é o dono do “alimento”, mas, sim, Deus, e, na Bíblia, está o “cardápio”. Alguns pastores têm ocupado o espaço do púlpito para falar de si, falar de psicologia, pedir dinheiro ou falar de um método de crescimento de igreja. Precisamos tomar cuidado, pois o púlpito não é um lugar para a autopromoção, mas para servir o alimento que Deus determinou. Se outro alimento for servido, ele deve ser considerado maldito (Gl 1.6-9).

• O mordomo serve o que recebeu do seu senhor! O pastor não pode “servir” (falar sobre algo) aquilo que não conhece, aquilo em que não crê nem o que não vive! É preciso conhecer o Senhor e viver diariamente um altar íntimo com Ele (Lv 6.13 / 1 Co 15.3 / 1 Co 9.27 / Dn 11.32).

• O mordomo precisa manter suas vestes limpas! Imagine que você vá a um restaurante e um garçom com a roupa suja, ou com as unhas grandes e imundas, dirija-se até você para lhe servir. Tenho certeza de que você se levantará e irá embora; ou comerá e passará mal. Deus não tem compromisso com pastores com vestes sujas! É uma condição estabelecida pelo Senhor para que o pastor seja usado por Ele (Jr 15.19) e obtenha vitória em sua vida e na de sua igreja (Js 3.5).

Querido irmão, ser pastor não é uma opção de vida, tampouco uma questão de quem sabe mais a Bíblia – é uma vocação. Nenhum pastor possui em si mesmo qualificação alguma que o credencie ao chamado, mas para todos é um ato da Graça de Deus. O Senhor, por Sua soberania, seleciona homens simples para exercerem um ministério, que é grande demais para eles. Por isso, precisam estar diariamente e humildemente aos pés do Mestre, onde serão santificados e moldados segundo a vontade do Pai, e não a deles. O que se espera deles é que sejam encontrados fiéis (v. 2). Isso significa que precisam estar firmes e comprometidos a terem uma vida que honre o chamado de Deus. Para isso, devem viver na casa do Oleiro (Lv 6 / Jr 18).

Nossa função como ovelhas é:

• Estar sempre orando pelos pastores.

• Ser amigo dos pastores, o que não significa apoiar qualquer coisa que eles façam, mas agir com sinceridade e lealdade.

• Olhar para essas qualificações e escolher muito bem a quem confiar nossa vida.

• Saber que todas essas qualidades também se aplicam perfeitamente a qualquer ovelha, não importando qual seja o seu chamado.

Nosso exemplo! (v. 6-13)

“Sede meus imitadores, como eu sou de Cristo!” (1 Co 4.16 / 1 Co 11.1 / Fp 3.17).

O convite feito foi para que, assim como ele, Paulo, havia-se colocado nessa posição de ministro, despenseiro e escândalo para o mundo, aqueles que quisessem seguir o Senhor Jesus fizessem o mesmo. Dessa forma, ele confrontou os crentes de Corinto, dizendo: “Vocês ricos, e eu pobre”, “Vocês em primeiro lugar, eu em último”, para que eles vissem que o estilo de vida que levavam não condizia com a mensagem do Evangelho pregada e vivida por Paulo. Não basta ter um pastor segundo os propósitos de Deus, é preciso que a igreja também caminhe nessa direção!

Um pai! (v. 14-21)
Eles são chamados por Paulo de “filhos amados” (v. 14, 15, 17). Se você é pai, sabe muito bem que, se criar seu filho somente com palavras de carinho e presentes a todo o momento, certamente, ele ficará mimado e imaturo. Se criá-lo também com grosseria, agressão e violência, você formará uma criança insegura, agressiva e com pouca afetividade. O correto é que haja os dois elementos na criação de um filho, carinho e correção. Ele crescerá maduro e preparado para viver nesse mundo, sendo um motivo de orgulho para o pai. Essa é a forma que Deus estabeleceu para Seu relacionamento com o homem e também com o pastor e suas ovelhas. A disciplina é um ato de amor, à medida que ela nos ensina o que é correto. Paulo encerra perguntando a igreja: “Que preferis? Irei a vós outros com vara ou com amor e espírito de mansidão?” (v. 21).
Somos, neste capítulo, admoestados e disciplinados pelo Senhor a compreendermos a figura do pastor e nossa responsabilidade em cuidar dele e imitá-lo. Lembre-se de que, toda vez que for disciplinado por Deus ou por seu pastor, somente quem ama disciplina.

Princípios bíblicos:

• 1 Timóteo 3.1-13
• Tito 1.5-16
• Provérbios 27.23
• Hebreus 12.4-13

Perguntas:
• Qual era o problema da igreja de Corinto? E como Paulo trata?
• O que significa “ministro e despenseiro”, segundo nosso estudo?
• Quais são as qualificações de um pastor?
• Qual é a importância de o membro da igreja saber sobre essas qualificações?
• Qual é a sua responsabilidade diante das qualificações de um ministro?

Apologia:

Teologia de origem neopentecostal
O movimento neopentecostal (novo pentecostal) surge aproximadamente há 30 anos, com o surgimento da Igreja de Nova Vida, de onde praticamente todas as demais se originaram (IURD – Igreja Universal do Reino de Deus, Igreja da Graça, os ministérios e projetos). Isso provocou nas igrejas históricas (batistas, presbiterianas, congregacionais e metodistas) um movimento de reflexão, principalmente, quanto à liturgia de culto. Então, polêmicas surgiram, como, por exemplo: ministério de louvor com uso de bateria, guitarra e atabaque.
Em alguns aspectos, foi bom, pois provocou o pensar no meio das igrejas históricas, mas, juntamente com esse movimento, surgiram alguns ensinos que contrariam à Bíblia e foram criados para o fortalecimento da figura, geralmente carismática, do pastor. Para esse fortalecimento o uso de textos bíblicos fora do contexto são usados para justificar todo tipo de “abuso espiritual” praticada pela liderança. Não quero dizer com isso que essa é uma questão exclusiva dos neopentecostais; certamente, em todos os lugares, o “abuso” está presente. Basta procurar no Google o termo “abuso espiritual”, que você vai conhecer diversos casos; ou, quem sabe, você já tenha sofrido algum. A Bíblia não trata os pastores e líderes com imunidade para seus atos. Vejamos algumas histórias:

• Davi e Natã (2 Sm 12-13)
• Paulo corrige Pedro (Gl 2.11)

Portanto, devemos amar, honrar, orar e ser leais aos nossos pastores. Mas isso não significa que eles sejam intocáveis, perfeitos e não sujeitos a cometer erros.
Pr Fulvio Santos

A Jesus Cristo seja toda honra e glória!

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