sábado, 19 de janeiro de 2013

10 COISAS ESTÚPIDAS QUE UM MINISTRO NUNCA DEVE FAZER


Autor: Lee Grady (*)

Eu tive o privilégio de compartilhar o púlpito com Dra. Mary Ann Brown duas vezes. Ela era ousada, profética e dolorosamente insensível. As pessoas que odeiam mulheres pregadoras a odiavam ainda mais por causa de seus sermões sem sentido, sempre entregues com seu sotaque texano. Ela fazia seu público rir e depois espetava-os com uma lâmina quente da verdade.

Quando esta gigante espiritual morreu no mês passado aos 73 anos, lembrei-me das últimas palavras que me disse quando estávamos juntos em uma conferência em Chicago, em 2011. Depois de lamentar o fato de que tantos ministros nos Estados Unidos estavam falhando, Mary Ann me prendeu com seus olhos e me disse com severa autoridade materna: "Lee, por favor, nunca se torne estúpido."

Eu sabia exatamente o que ela queria dizer e muitas vezes tendo ponderado suas palavras, especialmente desde a morte dela. Eu não quero ser estúpido, eu quero terminar bem minha carreira.

Então, como podemos evitar a estupidez espiritual?

Podemos começar por evitar estes 10 erros que se tornaram comuns em nosso meio durante a última década.

Se você é um ministro, ou se você aspira a ser um, por favor, decida agora que você nunca irá cair nessas armadilhas óbvias e nunca irá copiar esses comportamentos.

1. Tome drogas ilegais. Conheço pessoas que nunca chegaram à libertação completa de seu vício em drogas e, então, quando as pressões do ministério cresceram intensamente eles se voltaram para as substâncias ilegais como uma válvula de escape. Isso é estupidez! Se você não tem controle de suas ações 100 por cento do tempo, você não tem nenhum direito de se envolver no ministério.

2. Rejeite a responsabilidade de dar satisfação de seus atos. O Zorro pode ter sido um grande herói cômico, mas o isolamento não funciona na vida real. E é estupidez também a falta de prestação de contas! Se não atende a pessoas mais inteligentes do que você, você é um acidente esperando para acontecer e vai machucar o povo de Deus. Você não tem o direito de estar em posição de autoridade, se você não está sob autoridade.

3. Bata ou abuse de sua esposa. A Bíblia diz em 1 Pedro 3:7, que Deus não vai ouvir suas orações se você maltratar a sua esposa. Se você é um abusador e mesmo se você é um mestre em esconder seu pecado de outros, o Senhor vai se opor a você até que procure ajuda.

4. Cerque-se de fans que te adoram. Anos atrás, o fundador do "PTL" (Praise the Lord) Jim Bakker disse que seu maior erro foi plantar "homens que só dizem sim" ao seu redor, ao invés de pessoas que tinham a coragem de desafiar suas más decisões. Se não está disposto a aceitar conselhos, incluindo críticas, de seus seguidores, você é um líder fraco rumo ao desastre.

5. Fabrique dons espirituais para impressionar os outros. Em nosso movimento há muita pressão para produzir o sensacional, a fim de manter as pessoas entretidas. Mas se você descer tão baixo a ponto de falsificar uma cura, evocar uma profecia falsa ou empurrar alguém para "cair no chão sob o poder", o Espírito Santo vai se por de lado e te deixar executar seu "showzinho" sem o Seu poder. É estupidez misturar fogo estranho e arriscar-se a ofender a Deus!

6. Seja tolerante para com o pecado sexual. Hoje em nosso movimento nós celebramos a mensagem de Graça enquanto franzimos a testa para quem se atreve a identificar fornicação, adultério, homossexualismo ou a pornografia como pecados. Se você é relaxado quanto o pecado sexual em sua própria vida, ou se você não requer pureza entre aqueles que você lidera, você é um estúpido.

7. Manipule as pessoas enquanto coleta as ofertas. Ministros frequentemente torcem as Escrituras e utilizam jogos mentais hipnóticos para arrecadarem e levantarem fundos em programas de televisão. Ninguém questiona a sua fraude, então parece que eles se safam. Tenha certeza de que essas pessoas vão responder a Deus um dia pelo seu engano. Você é um estúpido se experimenta essas mesmas táticas em sua igreja.

8. Recuse a compartilhar o poder. Encontro muitos ministros que tem liderado suas igrejas ou organizações por 30 anos e até hoje ainda não têm um plano de sucessão. Isso é burrice! Você não vai viver para sempre. Treine a próxima geração agora para que estejam prontos para liderar em seu lugar e fazer assim antes que você caia fulminado por um ataque do coração!

9. Ensine doutrinas exóticas, ao invés das verdades fundamentais da Bíblia. Nós pentecostais tendemos a alimentar as pessoas com o "sabor do mês", a fim de satisfazer seus desejos de visitações angélicas, visões do terceiro céu, pó de ouro, dentes de ouro, maná, penas de anjo, portais celestiais e nuvens de chuva dentro do templo. Porém a história tem provado que aqueles que tem como foco principal esse tipos de manifestações espirituais sempre tem sido com o intuito de iludir e enganar. Vamos ser sábios e manter a coisa principal como sendo a coisa principal. Concentre-se em Jesus!

10. Torne-se um egomaníaco. "Nos últimos 10 anos, algumas das maiores estrelas religiosas dos Estados Unidos se tornaram totalmente lunáticos por causa do orgulho. Exigem jatos particulares, seguranças e cozinheiros pessoais, e mantem um frio e indiferente distanciamento das pessoas que são chamados a servir. Se você deixa Satanás te enganar para se tornar uma diva em um ministério arrogante, você é um estúpido. Arrependa-se, entre no mesmo nível das pessoas, e comece a agir como Cristo em vez de uma estrela do rock.

Em memória de minha saudosa amiga Mary Ann Brown, eu repasso o conselho que me deu: "Por favor, nunca se torne estúpido."

É isto mesmo, vamos amadurecer, rejeitar tanto a loucura quanto a tolice e ter como alvo terminar bem.

Tradução: Josimar Salum


(*) J. Lee Grady é ex-editor da revista Charisma e diretor do Projeto Mordecai (www.themordecaiproject.org). Você pode segui-lo no Twitter: @leegrady.

Lee acabou de lançar seu último livro em inglês "Fearless Daughters of the Bible" (Filhas sem medo da Bíblia.) pela Abba Press publicou em Português seu best-seller "Dez mentiras que as igrejas contam às mulheres."

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HOMENS QUE INCENDIARAM



HOMENS QUE INCENDIARAM

Não é tão simples falar de homens que viveram ou vivem muito perto de Deus, tendo um relacionamento íntimo com Ele. Isto se dá pelo fato da compreensão deles estar muito além da nossa. Os que compreenderam ou compreendem sobre Deus, Jesus, Espirito Santo e sobre o pecado vai, muita das vezes, além de nosso entendimento. Ao ponto de acharmos que Deus tem filhos prediletos e que, o que ocorreu com estes homens foi naquela época e não se aplica hoje.

Há aproximadamente quinhentos anos, o mundo conheceu e admirou homens que deixaram suas marcas de coragem, determinação, fé, abnegação e amor à obra de Cristo. Hoje, em pleno século XXI, a história e perseverança desses admiráveis servos de Deus continuam vivas e inspirando os corações daqueles que realmente desejam fazer a vontade de Deus.

Sentindo as necessidades dos homens que perecem sem Cristo, os heróis da fé romperam limites, desafiaram os pecados do povo e não se intimidavam com as ameaças dos poderosos da época. Com sermões cheios de unção, milhares de vidas foram impactadas pela fé sobrenatural destes, que tinham em Cristo, o refrigério e força para prosseguirem nessa árdua tarefa de desafiar e combater o pecado em um mundo cada vez mais arraigado no pecado e na maldade.

Muitos crentes ficam satisfeitíssimos por, apenas, escapar da perdição! Eles ignoram "A plenitude do Evangelho de Cristo" (Romanos 15.29). "A vida em abundância" (João 10.10). É muito mais do que ser salvo, como se vê ao ler as biografias.

Jonathan Edwards = Há dois séculos e meio que o mundo fala do famoso sermão: Pecadores nas mãos de um Deus irado e dos ouvintes que se agarravam aos bancos pensando que iam cair no fogo eterno. Esse fato foi, apenas, um dos muitos que aconteceram nas reuniões em que o Espírito Santo desvendava os olhos dos presentes para eles contemplassem as glórias do céu e a realidade do castigo que está bem perto daqueles que estão afastados de Deus. Mas por que isto aconteceu?

John Bunyan = "Caminhando pelo deserto deste mundo, parei num sítio onde Havia uma caverna (a prisão de Bedford): ali deitei-me para descansar. Em breve adormeci e tive um sonho. Vi um homem coberto de andrajos, de pé, e com as costas voltadas para a sua habitação, tendo sobre os ombros uma pesada carga (Pecado) e nas mãos um livro (Bíblia)".

George Whitefield = Mais de 100 mil homens e mulheres rodeavam o pregador, há mais de duzentos anos, em Cambuslang, Escócia. As palavras do sermão, vivificadas pelo Espírito Santo, ouviam-se distintamente em todas as partes que formavam esse mar humano. Difícil é, no vulto da multidão fazer ideia dos 10 mil penitentes que responderam ao apelo para se entregarem ao Salvador. “Havia como um fogo ardente encerrado nos ossos deste pregador”, que era George Whitefield. Ardia nele um zelo santo de ver todas as pessoas libertas da escravidão do pecado. Durante um período de vinte e oito dias fez a incrível façanha de pregar a 10 mil pessoas diariamente. Sua voz se ouvia perfeitamente a mais de um quilômetro de distância, apesar de fraco de físicamente e de sofrer dos pulmões. Príncipe dos pregadores ao ar livre, porque pregava em média dez vezes por semana, e isso fez durante um período de trinta e quatro anos, em grande parte sob o teto construído por Deus:  os céus. 

O primeiro pensamento que deve encher nossos corações é: Deus não tem filhos prediletos e que os avivamentos que lemos e ouvimos podem ocorrer ainda hoje. Por vezes temos a impressão de Deus ter abençoado algumas pessoas mais do que outras (Rm 2.11; At 10.34). Achamos que Deus derrama mais do seu Espírito sobre uns poucos felizardos (Jo 3.34), que Deus derrama a sua benção naqueles que mais merecem (Ef 2.1-10).

O segundo pensamento que precisamos ter é: o que estes homens tinham em comum? É claro que cada um deles tinha uma característica marcante, mas isso não os fazia serem usados poderosamente por Deus. Deus usou homens letrados como Moises e Paulo, e homens leigos como Pedro. Deus falou pela boca de servos que tinham problemas para falar como Moises e homens com boa oratória como os profetas que eram verdadeiros artistas na palavra. Deus usou homens com carisma que cativavam as pessoas e outros que liam seus sermões monotonamente. Deus usou homens ricos e pobres, brancos e negros, bonitos e feios, altos e baixos, gordos e magros. Deus usou homens com vozes fortes e outros com fracas, alguns tinham vozes de locutor e outros causariam irritação aos ouvidos se não fosse a unção sobre eles. Estas características diferem de pessoa para pessoa, sendo assim, o que eles tinham em comum? O que fazia deles homens tão usados por Deus? Qual era o segredo destes homens? É a pergunta que fazemos.

·        Homens cheios do Espírito Santo tem caráter (Sl 15). Caráter é aquilo que você é “no escuro”. O caráter não tem haver como você se mostra perante determinado meio social, tem a ver com os valores e a moral.

 

Caráter é um conjunto de características e traços particulares que caracterizam um indivíduo ou um grupo. É uma qualidade inerente a uma pessoa refletindo o seu modo de ser.

 

O caráter não sofre as influências do meio, uma vez que ele é próprio de cada pessoa. Já a personalidade, o humor e o temperamento podem sofrer alterações em função da adaptação familiar, pedagógica e social do indivíduo.

 

O conjunto das qualidades e defeitos de uma pessoa é que vão determinar a sua conduta e a sua moralidade. Os seus valores e firmeza moral definem a coerência das suas ações, do seu procedimento e comportamento.

 

Uma pessoa "sem caráter", geralmente é qualificada como desonesta, pois não apresenta firmeza de princípios ou de moral. Por outro lado, uma pessoa "de caráter" é alguém com formação moral sólida e incontestável.

 

O caráter quando é forte, não se deixa levar por alguma proposta de uma via mais fácil para a realização de algo. Mesmo se naquele momento parece ser o melhor caminho a seguir, é o caráter que vai determinar a escolha do indivíduo.

O caráter é modelado através da experiência, cultura, educação e formação familiar e pode ser sempre aperfeiçoado com perseverança e determinação.

 

·         Homens cheios do Espírito Santo tem como base a valorização da família (ITm 3.5). Um homem de Deus sabe que sua primeira função é ser esposo, sua segunda função é ser Pai e se sobrar tempo ele prega. O que adiantaria ganhar o mundo e ver seu filho perdido. Do que valeria salvar milhares de lares e ver seu lar afundando na discórdia.

 

·        Homens cheios do Espírito Santo tem como base de vida o perdão (Mt 18.23-35). O homem cheio do Espírito Santo perdoa o maior dos seus inimigos, pois, se a pessoa não consegue perdoar é porque não nasceu de novo! Se esta pessoa não entendeu o grande perdão de Deus, ela não perdoa, pois não é salva.

 

·        Homens cheios do Espírito Santo tem como base de vida a oração. O que esses homens tinham em comum?  Uma vida de consagração e oração.

Lemos, por exemplo, nos livros da vida de Adoniram Judson que ele foi um homem extraordinário na mão de Deus. Porém em sua preciosa biografia, escrita por um de seus filhos, Eduardo Judson, descobre-se que esse talentoso missionário passava diariamente horas a fio, de noite e de madrugada, em íntima comunhão com Deus, em oração.

 

Jonathas Edward costumava passar treze horas estudando e orando todos os dias; João Wesley considerava a oração a coisa mais importante de sua vida, tanto é, que todo o dia levantava-se religiosamente às 4 horas da manhã; Jorge Whitefield, pregador escocês do século XVIII assim dividia o seu tempo: 8 horas sozinho com Deus; 8 horas para dormir e refeições, 8 horas para trabalho entre o povo; Dwight Lyman Moody, de acordo com biógrafos, após, uma viagem cansativa de trem, chegando ao hotel passava o resto da noite em oração.

Todos os grandes ganhadores de almas através dos séculos foram homens e mulheres incansáveis na oração. Conheço como homens de oração quase todos os pregadores de êxito da geração atual, tanto como os da geração próxima passada, e sei que, igualmente, foram homens de intensa oração.

Se você ora menos de 2 horas por dia você vale menos que um centavo, disse Ravenhill.

Mas como era a oração destes homens.

1.     Sincera – Falar com Deus, afirmando querer fazer muitas coisas, estando na verdade desanimado ou não querendo fazer, é tão ruim quanto não orar.

2.    Fervorosa – orar só para cumprir uma obrigação ou para dizer que passou um tempo falando com Deus é tão ruim quanto blasfemar.

3.    Com Deus – orar sem estar na presença de Deus, é como orar para o “nada”, orar para que suas orações fiquem no teto. É orar de forma vã.

4.    Com intimidade – a oração é a intimidade de um filho com seu Pai celestial.

 

·        Homens cheios do Espírito Santo tem como base de vida a Palavra de Deus (Jo 5.39; Hb 4.12). Ela é seu guia, sua regra, sua prática diária, seu conhecimento, sua inspiração, sua motivação. É da Palavra de Deus que vem o verdadeiro alimento. A Palavra de Deus é a verdade axiomática no coração do crente.

 

·               Homens cheios do Espírito Santo tem como base de vida a fé (Hb 11). Muitos não deixam sua espada – a Bíblia - em casa, mas sua principal arma a fé nunca está em seus corações. A principal arma do cristão é a FÉ.

 

Conclusão

Concluo dizendo que depois de ler e reler várias biografias cuidadosamente, que os “heróis da fé” eram homens comuns sujeitos as mesmas paixões que nós (Tg 5.17). E que não se pode atribuir o êxito de qualquer deles a seus próprios talentos, força de vontade ou esforços. Certamente foi obra de Deus em homens frágeis e simples, homens de oração, cheios do poder do Espírito Santo em seus corações.

Diego Rumão

 

A JESUS CRISTO SEJA TODA HONRA E GLÓRIA!!






quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

PASTOR OU GERENTE? IGREJA OU EMPRESA?


A questão não é nova. E me defino logo: a igreja não é empresa e o pastor não é gerente eclesiástico. Sei que um pastor deve ter noções de liderança de grupo e que uma igreja precisa de regras de vivência administrativa. Inclusive, por ser pessoa jurídica, se submeter às leis do país. Mas igreja não é empresa. Igreja é igreja, algo totalmente singular e distinto de qualquer outra organização. E deve ser pastoreada por homens que sejam pastores. Deus deu pastores à igreja (Ef 4.1) e não administradores de empresa. Gerentes devem ficar em empresas, e pastores nas igrejas.
A liderança da igreja não se forma em escolas de administração nem em cursos de liderança. É carismática. Os charismata do Espírito são para fazer a igreja viver. Sem os dons do Espírito a igreja pode ser uma instituição admirável, funcionando bem, como uma máquina azeitada, mas corre o risco de não ser mais igreja. Por charisma não me refiro a curas, línguas, ou sua interpretação. Nas listas de dons do Novo Testamento, estes não são os primeiros alistados. Não discutirei dons, aqui. Posso discuti-los em outra ocasião, mas agora afirmo o seguinte: a igreja e o ministério pastoral têm sido descaracterizados por causa de um enfoque equivocado. Os apóstolos pediram à igreja que escolhesse homens de boa reputação para administrar um problema da igreja, e afirmaram: “Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra” (At 6.4). Esta é a função primordial do pastor: assuntos espirituais. E não me digam que supervisionar colocação de tijolos é negócio espiritual, que não há dicotomia entre vida material e espiritual, que esta separação é platonismo, etc. Posso discutir Platão em outra ocasião, mas ele não tem nada a ver com esta visão. Os apóstolos deixaram claro que tinham algo mais importante a fazer que cuidar de alguns problemas da igreja, que eram relevantes e ameaçavam a unidade, mas que não eram para eles cuidarem. Hoje há uma inversão: os pastores cuidam dos negócios e pedem à igreja que ore por eles. Mas em Atos, os homens da igreja cuidavam dos negócios e os pastores oravam e pregavam.

Ao apresentar o excelente “A vocação espiritual do pastor”, de Eugene Petersen, Ricardo Barbosa faz uma observação muito pertinente. Diz ele que há duas palavras novas, recém incorporadas ao vocabulário atinente à vocação pastoral: líder e terapeuta. Diz ele, textualmente: “Fala-se cada vez menos em formação pastoral e mais em formação de líderes. Curiosamente, ‘líder’ é uma palavra que não aparece na Bíblia para descrever aquele que serve a Deus em sua igreja. Também não aparece na longa história de vinte séculos de vocação pastoral” (p. 7). Continuando o arrazoado, Ricardo diz que quando se fala em pastor, hoje, não nos vem à mente a figura do Salmo 23 ou as responsabilidades sacerdotais de Arão, “mas as imagens do executivo, do administrador, do empresário, imagens de um profissional” (p. 8). Ele faz uma interessante comparação entre pastores e terapeutas seculares. Muitos destes renunciam à ciência, e citam manuais de auto-ajuda. Os pastores deixam de lado a orientação da Palavra, e citam terapeutas incrédulos e almanaques. Sua conclusão é séria: “Nosso chamado é para ser pastores, não líderes ou terapeutas” (p. 11).

Isso se coaduna com a argumentação de Os Guiness, em “Dining with the Devil: the megachurch movement flirts with the modernity” (“Jantando com o Diabo – o movimento mega-igreja flerta com a modernidade”). Para Guiness, o maior desafio do mundo à igreja não é o secularismo, mas a secularização. O secularismo é uma filosofia, e a secularização é um processo. Sendo abertamente hostil, o secularismo, logo é identificado e rejeitado. Mas a secularização vem como um processo, e nos envolve sutilmente, até mesmo porque nós a usamos. Ouvi um líder cristão, nos anos noventas, dizer que “para viver segura, a igreja precisava ter, pelo menos, R$ 10.000,00 em caixa”. A argumentação é mundana, mas me chocou tanto que a comentei aos formandos da Faculdade de Teologia do Amazonas, em 1997, na palavra paraninfal que intitulei de “Quando a igreja troca a teologia pela tecnocracia”, e volto a ela, treze anos depois. Tal líder não entendeu que a maior segurança da igreja está em viver dentro da Palavra, na presença de Deus, e não no seu caixa. Quando há vida espiritual na igreja, o Espírito move os corações das pessoas. Foi assim que o Espírito agiu na vida de José, levando-o a vender seu terreno, sem que houvesse uma campanha para tal, e trouxesse o valor à igreja (At 4.36-37). Onde há espiritualidade há recursos. Mais que marketing, a igreja precisa de santidade.

O obreiro cristão secularizado é um tecnocrata. Crê que a salvação e o futuro da igreja não estão em Deus e na oração, mas em táticas humanas. Sua visão é mundana. Assim, muitas igrejas vivem de campanhas e os pastores se esmeram na criatividade para mobilizar o povo. Mas um ambiente espiritual proveria isto. Muito de nossa ação secularizadora poderia ser alvo do pedido de Paulo:

“Não extingais o Espírito” (1Ts 5.19)ACF. A verdadeira liderança se põe mãos do Espírito, vive em sua presença, e possibilita sua ação na igreja. Não o extingue, trocando-o por técnicas de animação do povo tipo: “Como liderar o povo de Deus em sua caminhada para o sucesso”. A maior característica de liderança da igreja é que ela deve ser carismática, vinda do Espírito, e não de cursinhos, livros e revistas sobre técnicas.

Na obra citada, Os Guiness traz o comentário feito por um negociante japonês a um cristão: “Sempre que encontro um líder budista, encontro um homem santo. Sempre que encontro um líder cristão, encontro um administrador” (p. 97). Isto me foi uma bofetada. A liderança cristã deve ser recrutada entre os mais santos e piedosos, os mais moldados pela Bíblia (cremos mesmo que ela é o manual de Deus à igreja?) e não entre os mais capazes na vida secular, mesmo que de espiritualidade opaca. Priorizamos a competência secular sobre a santidade, e depois descobrimos que não deu certo, porque as regras de vida da igreja diferem das regras de vida de uma empresa. Basta uma diferença para nos fazer refletir sobre isto. A saúde de uma empresa está em maximizar ganhos e minimizar gastos. Quer matar uma igreja? Faça isso! Quer ver uma igreja explodir de vida? Leve-a a investir em missões, em obreiros, em vidas. Os recursos virão. Afinal, Deus disse:

“Minha é a prata, e meu é o ouro, disse o SENHOR dos Exércitos”(Ag 2.8)ACF

Está no Salmo 50.12: “Se eu tivesse fome, não to diria, pois meu é o mundo e toda a sua plenitude”(ACF)

Deus tem os recursos, mas momentaneamente os deixa com seu povo. E não precisam ser extorquidos do povo, que o traz voluntariamente quando Deus age. O problema é que parece que não cremos mais nessas coisas, e tentamos dar um jeito de fazer a igreja funcionar. Aposentamos o Espírito Santo. Estou chocado com a visão secular do reino de Deus entre nós. A proliferação de modelos eclesiásticos é uma prova disso. Damos cada vez mais valor à técnica e aos métodos. Colocamos Deus na periferia e o fazer humano no centro. Não é de admirar que vivamos em uma crise cíclica. Perdemos os alvos espirituais de vista. Eles são numéricos e quantitativos. Mas a igreja é algo muito sério para a tomarmos em nossas mãos!

No seu prefácio, Barbosa faz um interessante comentário sobre como é difícil aos pastores serem pastores. Diz ele que é porque os pastores estão afundados na idolatria: “Onde dois ou três estão reunidos e o nome de Deus é pronunciado, uma comissão está formada para a criação de um ídolo. Queremos deuses que não sejam deuses para que possamos ser ‘como deuses’” (p. 16). A tecnocracia é o grande ídolo, o bezerro de ouro de nossas igrejas e pastores. Assim, pastorado deixou de ser ensinar a Palavra e cuidar das pessoas e se tornou administrar um negócio espiritual. Deixou de ser um sacerdócio (viver na presença de Deus, ministrar a Palavra de Deus e interceder pelo rebanho de Deus) e passou a ser uma carreira religiosa. O pastor virou gerente.

O texto de Petersen, propriamente dito, se baseia em Jonas. Ele quis servir a Deus, não como este queria, mas do seu modo.

No final, sua briga com o Senhor não foi por causa do reino de Deus, mas de sua reputação pessoal. Esta é uma das lutas do pastor: preocupar-se mais com sua reputação pessoal que com a vontade de Deus. Não podemos usar a igreja e o reino como degraus para a nossa escalada pessoal rumo ao sucesso. “Convém que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3.30). Mas muita gente está escrevendo sua história pessoal tendo o evangelho como pretexto. O ministério do obreiro é promovido mais que o nome de Jesus. Em alguns lugares, lá estão o nome do obreiro (em letras garrafais) e sua foto-pôster. É um culto à personalidade, vulgar e chocante. Esta pessoa está ambicionando o lugar de Jesus. Na realidade, o obreiro sequer deveria ser promovido.

Sei que pastores estão em baixa, não tem expressão e não movimentam recursos de monta. Gerentes, sim. E muitas igrejas, estruturadas como empresas, querem gerentes, não pastores. Há rebanhos que não querem pastores, mas agem como acionistas de um negócio espiritual: querem um executivo. Não querem ouvir a voz de Deus, até mesmo porque isso é perigoso. Querem ouvir o eco de sua própria voz. E atribuem ao eco o status de voz divina.

Jonas pensou que podia servir a Deus em Társis, ao invés de Nínive. O seu negócio era servir a Deus. Então, ele tentou fazer à sua maneira, não à maneira de Deus. Como comento em meu livro “Jonas, nosso contemporâneo”, segundo os rabinos, a razão principal pela qual Jonas foi para Társis não foi por ser o lado oposto a Nínive, mas ser um lugar onde a Palavra de Deus não se fazia ouvir (com base em exegese de Isaías 66.19). Quando um homem segue seus insights foge da voz de Deus. O profeta ouve a voz de Deus. O homem religioso segue seus insights. Outra grande tentação do pastor é ser um homem religioso, e não um profeta. Porque é possível cuidar de religião sem ouvir a voz de Deus. É menos problemático cuidar de religião. Não é de estranhar a dificuldade de tantos pastores com a Bíblia, a ponto de chamarem quem cita a Bíblia de fundamentalista. Nessa enquadraram Jesus, porque ele gostava muito de dizer “Está escrito”. Gerente tem mais margem de manobra em negócios que pastor. O gerente ouve o mercado e segue as técnicas modernas. O pastor deve se guiar por noções tidas como obsoletas. E parece que o gerente e a igreja-empresa estão mais cotados que o pastor e a igreja-igreja: arrastam mais gente e aparentam mais sucesso aos olhos humanos.

Mas perguntemo-nos: isto é mesmo igreja nos moldes bíblicos? O que estamos fazendo com a igreja e com o reino de Deus?

Pastores devem ouvir a Bíblia, submeter-se a ela, reger-se por ela. Gerentes amam e seguem técnicas e soluções como

“R$ 10.000,00 em caixa”. Mas gerentes descaracterizam a igreja e a transformam num negócio secular. Precisamos recuperar o sentido bíblico de igreja, bem como os princípios bíblicos para a vida da igreja. Também precisamos recuperar a visão bíblica do ministério, trazendo o pastor de volta ao molde pastoral do Novo Testamento, e não ao figurino do gerente moderno. Caso contrário, nós que já perdemos as duas últimas décadas discutindo métodos para recuperar nossa denominação, perderemos outras, discutindo métodos e técnicas. Estamos patinando e não nos damos conta disso! Estou cansado de modelos, gráficos e desenhos que, na minha limitação gerencial, nunca entendo! Há trinta anos vejo minha denominação, que muito amo, discutir técnicas e modelos. Será que ainda não deu para notar que não é por aí? Não dá para notar que precisamos deixar os bezerros de ouro da técnica, dos modelos, do institucionalismo, e reentronizar o Deus verdadeiro em nossas igrejas? Que os rebanhos precisam de pastores e não de gerentes? Que carecemos de vida mais que de estratégias?

Solução? Não tenho, mas ouso uma sugestão. Por que, ao invés de pedir às igrejas que orem pelo Brasil, no dia 15 de outubro, não pedimos às igrejas e aos batistas da CBB, que separem o dia para orar e jejuar pela denominação? Que tal priorizarmos a oração e a espiritualidade sobre técnica, modelos, planos e gestões? Parece-me que ver a igreja como empresa e tornar o pastor em gerente é o que mais temos feito nos últimos vinte anos e não saímos do lugar. Jejuemos e oremos assim, e quem sabe, voltaremos ao pastor-pastor e à igreja-igreja. Oremos por um avivamento que nos faça retornar à simplicidade que há em Cristo (1Co 11.3). Um avivamento que nos leve a confessar e chorar nossos erros, que afaste da liderança as pessoas erradas, que leve os pastores a amarem mais as igrejas que seus ministérios, que acabe com as carreiras solos e nos reconduza ao trabalho solidário. Um avivamento que acabe com o “eu” e traga o “nós” de volta.

Quanto a mim, quero ser pastor e não gerente. Quero cuidar de um rebanho, não de uma empresa. E reitero meu amor pela igreja de Jesus, pela minha denominação, e minha crença inabalável que precisamos retornar a um caminho abandonado.

“Não removas os antigos limites que teus pais fizeram” (Pv 22.28)ACF

Temos feito isto. E nos saído mal.

Pr Isaltino Gomes Coelho Filho

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