1 - Discirnam o caráter das pessoas com quem tratam.
Aos jovens, enfatizem a necessidade de pudor e de domínio próprio, mostrando-lhes o valor da mortificação da carne contra as paixões e volúpias sexuais e tendo liberdade para ordenar que tratem os seus superiores ou mais velhos, com reverência e afeto. Aos idosos, enfatizem o valor do desapego aos decaídos valores da era presente, conscientizando-os dos poderes do mundo vindouro; prevenindo-os contra o agravamento dos pecados e estimulando-os à santidade. Aos ricos, convençam-nos da vaidade deste mundo; mostrem-lhes a natureza e necessidade da autonegação e as implicações da escolha de valores temporais em detrimento do reino dos céus; demonstrem-lhes o valor do aperfeiçoamento dos dons e talentos, segundo o temor do Senhor e o amor a Deus e ao próximo. Aos pobres, mostrem-lhes as grandes riquezas da glória de Deus e as promessas de felicidade eterna oferecidas no evangelho, e como poderão passar sem o conforto presente, sabedores de que Deus conhece cada uma de suas necessidade e cuida de cada um de nós, pessoal e nominalmente. Nossos pecados mais persistentes incidem sobre nossas falhas de caráter ou coração, explorando características diferenciais, tais como sexo, idade, posição social, profissão.
2 - Sejam condescendentes com as pessoas menos capacitadas ou habilitadas, tratando-as com a maior amabilidade e simplicidade possíveis.
3 - Dêem bases bíblicas de tudo quanto ensinam, tanto para que se assegurem de ouvir a voz de Deus na boca do ministro quando sejam, eles mesmos, aprovados como bons conhecedores da Escritura.
4 - Ajam com seriedade no exercício de todo o ministério; mas, principalmente, na sua aplicação.
No púlpito, como nas conversas particulares, permitam que todos vejam a prática honesta de um conhecimento frutífero. Sejam, ao mesmo tempo, sérios e vigorosos; vigorosos e vibrantes. Nada me desgosta mais do que ver pastores irreverentes ou excessivamente formais, que destroem a beleza do evangelho, sendo superficiais ou transformando-o em religião estéril. Tais homens não sabem aconselhar, elaborando perguntas estereotipadas, emitindo duas ou três palavras frias que jamais poderão produzir vida e sentimento. Aquele que valoriza as pessoas por causa do valor de Deus certamente acolherá a oportunidade única que se lhe apresenta, de aquecer, com o calor da fé, o coração do próximo. Para produzir tal calor, será necessário que, antes e durante o trabalho, cuidemos especialmente do nosso próprio coração, fortalecendo-nos na fé segundo a verdade em amor, a fim de perseverar nos sofrimentos do presente até chegarmos às glórias do porvir. A totalidade do ministério exige toda a força de nossa fé, especialmente este aspecto pessoal do trabalho. Sem a sã doutrina arraigada ao coração, o ministro verá desvanecerem o zelo e o ânimo. O fervor afetado e a hipocrisia do entusiasmo humano não perduram muito tempo nesse trabalho. O espetáculo público promovido pelo carisma pessoal acaba tomando o lugar da pessoa do ouvinte; quanto mais o cuidado pessoal e individual! O púlpito se torna um palco, tal como a exposição na mídia e outros atos públicos. Pois o púlpito é o palco para o pastor hipócrita, ali e na imprensa e em outros atos públicos, onde há espaço para ostentação - para a meia hora de glória de muitos que, de outro modo, jamais seriam reconhecidos como homens de Deus. Precisamos de outro tipo de homem para realizar efetivamente a obra do Senhor, a qual ele entregou ao nosso cuidado.
5 - Não exerceremos fé, vivendo sem dependência de Deus.
É preciso que nos preparemos em oração, em secreto, quando aprendemos a vontade de Deus. Deveremos orar em todo o tempo e, também, com e pelo nosso povo. Tanto nas reuniões quanto nas entrevistas para aconselhamento, deveríamos começar e terminar com uma oração.
6 - Deixem claro, sempre, até mesmo na exposição de passagens bíblicas mais contundentes, o seu amor pelas pessoas, permitindo que sintam em suas palavras e atitudes, que vocês realmente deseja a salvação de suas almas.
Evitem linguagem ríspida ou grosseira que desanimem seus ouvintes.
7 - Caso não haja possibilidade, tempo ou meios, para tratar de cada indivíduo da maneira plena como deveria ser, tentem alcançar a todos e cada um com, pelo menos, as partes mais importantes e necessárias, sobre as quais já nos referimos.
Sendo este o caso, reúnam algumas dessas pessoas, de preferência amigos comuns e confiáveis que não exporiam seus pares à maledicência, e trate com elas em conjunto quanto à exposição do evangelho. Somente quanto às questões privadas, conhecimento e estado espiritual, convicção de pecado e direções especiais, deveriam ser tratadas, pelo pastor, em particular, tal como já vimos. Ainda que, dada as circunstâncias, possamos usar esse recurso, não podemos permitir que nosso próprio conforto escolha o caminho mais curto, e descaiamos para a infidelidade da preguiça.
8 - Finalmente, e extremamente importante, estendam o seu amor aos necessitados, aos mais pobres, antes que eles se afastem por absoluta necessidade.
Algumas pessoas pouco têm para a manutenção de sua própria casa e precisarão de auxílio financeiro para cobrir o que perdem quando deixam de trabalhar, a fim de serem instruídos e orientados. Se muitos pastores não dispõem de meios para tal ajuda, outros têm ou poderiam recorrer a irmãos mais abastados.
Fonte: Manual Pastoral de Discipulado
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