O Maior de Todos é o AMOR.
I Coríntios 13
A questão:
Este capítulo não é colocado a toa no meio de dois outros capítulos (capítulos 12 e 14) que falam sobre dons espirituais. Em uma igreja que apesar de ser rica em dons (possuíam todos os dons), eles eram usados para desunir e causar problemas como complexo de superioridade e de inferioridade, Paulo declara que sem amor todo trabalho é em vão.
O que Paulo diz?
Em primeiro lugar, precisamos entender qual o significado da palavra “amor” no capítulo que estamos estudando, pois seu significado é totalmente diferente em nosso contexto, amor para muitos significa:
• Estar apaixonado por alguém;
• Sentimento platônico e romântico;
• Relação sexual entre um casal;
• Uma pessoa muito legal – “fulano de tal é um amor”.
Mas Paulo usa a palavra amor = ágape (amor sacrificial, genuíno, puro, divino), para mostrar o que de fato é importante para Deus e portanto importante para sua igreja.
Observe que nas cartas que Paulo escreve as diversas igrejas, ele sempre faz referência ao amor que existia entre eles (I Ts.1:3; 3:12 / II Ts.1:3 / Col.1:4), mas quando faz referência a Igreja de Corinto, ele destaca que eles possuem todos os dons (I Cor.1:7) e não faz qualquer referência ao amor entre eles. Na verdade a igreja deixava a desejar nas suas relações, pois entre eles havia partidos, brigas, traição e muitos ainda iam a justiça secular brigar por seus direitos contra outros irmãos. Ou seja, a igreja precisava entender que tudo só tem sentido se houver amor.
A superioridade do amor (I Cor.13:1-3)
Nestes versos Paulo relaciona os cinco dons que a Igreja entendia como sendo os mais importantes (línguas v.1, profecia v.2, conhecimento v.2, fé v.2 e contribuição-sacrifício v.3) e diz que se esses dons forem exercidos sem amor, eles perdem totalmente o seu valor.
Não existe qualquer valor em exercer seu dom sem amor
Em Corinto existia um culto pagão que podemos chamar de “culto de mistério”, nele existiam várias manifestações de transe e êxtase coletivo. Dentre as imagens adoradas estavam: Dionísio (deus da natureza) e Cibele (deusa dos animais selvagens). Eram tocados gongos (instrumento de percussão, de origem oriental, constituído por um disco metálico que se faz vibrar batendo-o com uma baqueta enchumaçada em uma das extremidades) e instrumentos estridentes pelos adoradores dessas imagens, para invocar a deidade, afastar os demônios ou despertar os adoradores. Paulo compara essa prática de Corinto aos crentes que utilizavam seus dons na igreja mas sem amor aos irmãos. “São como o metal que soa ou como o címbalo que retine” v.1.
Enquanto a Igreja de Corinto e nós muitas vezes, super-valorizamos os crentes que possuem dons que nos chamam a atenção, Deus deixa bem claro neste verso que Ele não usa para sua glória um crente sem amor.
Outra prática nos cultos de mistério, era a adoração a Moloque, onde os filhos eram oferecidos como sacrifício. Paulo mostra que fazer qualquer tipo de sacrifício a Deus, seja financeiro ou de vida, sem amor é totalmente sem valor e comparável ao sacrifício que era feito a deuses pagãos.
Muitos muçulmanos sacrificam suas vidas em troca de uma recompensa no paraíso. Muitos crentes pensam que basta que se ofereça um sacrifício financeiro ou físico a Deus, que Ele é obrigado a nos atender.
Diz o Rev. Hernandes Lopes
“Paulo, já no primeiro século da era cristã, alertava para o fato de que ainda que a pessoa seja capaz de dar todos os seus bens e entregar o próprio corpo para ser queimado, se isso não for inspirado por uma motivação certa, por uma teologia certa, pelo amor, nada disso adiantaria. Sem amor, todo o sacrifício se perde e nada se ganha. O amor é superior aos dons.”
Qualidades do amor (13:4-8)
Paciente “makrothumein” v.4 – Trata-se daquela pessoa que tem poder para vingar-se, mas não o faz. Tanto em Corinto como hoje em dia as pessoas estão vivendo a “flor da pele”, tudo é motivo para buscar os seus direitos e se sentir na razão de questionar o irmão. Alguns tem o pavio curto e outros já nem tem mais pavio. Paulo diz que se você tem o amor de Deus em você, você buscará ser um cristão paciente.
Benigno v.4 – Trata-se daquele que age com bondade para com aqueles que o maltratam, significa dar a face ao que lhe fere e orar pelos que lhe perseguem. Como precisamos aprender essa virtude para nossa vida!
Não arde em ciúmes v.4– É mais fácil chorarmos com os que choram do que nos alegrarmos com os que se alegram. A vitória do nosso irmão não deve ser motivo de ciúmes, mas de alegria no meio da igreja.
Não se ufana v.4 - Ufanar significa estar cheio de vento, como um balão. Algumas pessoas parecem um balão de tão cheios de si e de soberba. Em Corinto tudo era motivo para os crentes se sentirem melhores que o outro.
Não se ensoberbece v.4 – A soberba precede a ruína e a altivez de espírito a queda Pv.16:18. Se você possui algum tipo de dom que lhe traz uma visibilidade maior, não é para que você se sinta melhor ou mais importante que alguém, mas é para que você sirva a Deus e aos seus irmãos.
Não se conduz incovenientemente e nem procura os seus próprios interesses v.5 – Paulo os admoesta para que olhem menos para si e olhem mais para as necessidades dos outros irmãos. Fica bem claro quando lembramos que os crentes mais favorecidos estavam indo para a Ceia do Senhor com a barriga cheia e cheios de bebida, enquanto os menos favorecidos eram deixados de lado. Precisamos nos preocupar com a vida do nosso irmão e não somente pensarmos em nós mesmo.
Não se exaspera (irrita) e não se ressente do mal v.5 – Esse é o crente melindroso, aquele que precisamos pensar várias vezes antes de falar com ele, pois ele vive dolorido e tudo machuca. Entenda irmão, hipersensibilidade é sinal de doença, ou seja, é bem possível que esse crente esteja doente espiritualmente.
Não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade v.6 – A igreja precisa ser o maior referencial de justiça e verdade deste mundo. Quando a igreja começa a negociar valores, ela perde o seu valor e pode ser achada no lixo.
Veja a pergunta que o Pastor Ariovaldo Ramos teve que responder a um jornalista de uma revista secular:
“Pr Ariovaldo Ramos, vemos que em pouco tempo os evangélicos serão a maioria no país. Como então será a ética polícia e social de nosso país?”
Infelizmente a resposta que pensei não foi a que gostaria de poder dar, pois vemos muitos crentes negociando valores. Negociamos valores de justiça e verdade quando:
• Mentimos para justificar erros ou encobrir fatos;
• Deixamos de pagar nossas contas e ficamos sujos no SERASA;
• Fazemos cópias de produtos não autorizados;
• Pegamos materiais de nossos empregos, sem que nos seja permitido (caneta, lápis, blocos etc);
• Somos um exemplo ruim de profissional no trabalho.
• Tiramos cópias em nosso trabalho utilizando um material que não é nosso.
Caso você se encontre em um desses casos, mude sua atitude pois ela está entristecendo o Espírito Santo de Deus e impedindo o seu agir em sua vida. Para que Deus realize grandes coisas em sua vida é preciso que antes você seja santificado. (Josué 3:5)
Tudo sofre, Tudo crê, tudo espera e tudo suporta v. 7 – Paulo entende perfeitamente que amar a Deus implica em muitas vezes sofrer na própria carne (II Cor.11:16 – 33 e II Timóteo 3:12). O sofrimento não é sinal derrota e nem de fraqueza espiritual, afinal o próprio Jesus viveu momentos de extremo sofrimento.
Jamais acaba v.8 – É incomparavelmente maior a vida de um homem que experimenta e vive o amor de Deus. Somos chamados a viver esse amor com intensidade e determinação. As muitas águas não podem apagá-lo (Ct.8:7).
Paulo conclui (13:8-13), mostrando que o amadurecimento do homem e a compreensão desse amor é algo que somente será possível quando estivermos com o Pai na Glória, e que dentre todos os dons o amor é maior de todos.
Princípios Bíblicos
• João 13:35;
• I João 4:7-21
• Marcos 12:30
Perguntas
• Qual o valor do exercício dos dons espirituais sem que haja amor?
• Temos tido uma relação de amor com Deus ou de busca pelos nossos interesses pessoais?
• Como você tem expressado esse amor para com os irmãos de sua igreja?
Apologia:
Agora pois permanecem a fé, a esperança e o amor, esses três; porém o maior destes é o amor.” I Cor.13:13
Católicos e espíritas, utilizam-se desse verso para justificar a salvação pelas obras. Dizem eles que a pessoa é salva mediante o amor demonstrado as pessoas e isso significa fazer boas obras. Mas em Efésios 2:8 e 9 encontramos “ Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie”. Além do mais o texto de Corinto não trata da questão da salvação, mas do mal uso dos dons espirituais.
Pr Fulvio Santos
A JESUS CRISTO SEJA TODA HONRA E GLÓRIA
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