quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Restaurando o Ardor Missionário
Conceituando uma Igreja funcional como comunidade que faz diferença na terra

Ronaldo Lidório

Apocalipse em português evoca um sentido escatológico, de “últimas coisas”. Em Inglês, Revelation, dá-nos a idéia de “descoberta”, “revelação”. Entretanto em grego, apokalipso, significa simplesmente “trazer à tona o que está encoberto”.
Não se trata puramente de dar conhecimento a fatos vindouros. Apocalipse, na verdade, fala muito mais sobre a Igreja de Cristo hoje, seu caráter, sua vida e Missão. Gostaria assim que lêssemos Apocalípse, capítulo 3.

Apoc 3:15-17
“Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio, ou quente. Assim porque és morno, e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca; pois dizes estou rico e abastado e não preciso de cousa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu”.

As cartas de Jesus às Igrejas da Ásia possuem duas funções básicas.

A primeira é revelar os critérios pelos quais o Senhor julga a Sua Igreja. Nós a julgamos por valores externos, visíveis e contábeis: seu templo e número de membros, sua estrutura administrativa e exposição social, seus líderes e seu culto. Como canta o coral e como prega o pastor.
Os critérios de Jesus são bem mais particulares e giram em torno de valores mais eternos do que passageiros;
Charles Kerman, filósofo cristão, diz que “nada do que tocamos é eterno”. E Jesus, quando olha para as igrejas de Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia trata de valores eternos. Em nenhum momento usa como crivo de julgamento a estrutura física e visível da igreja mas trata sim do pecado que a assedia, a fidelidade perante as provações, a pregação do evangelho no mundo e a resistência aos ataques do diabo. Jesus prepara aqui uma Igreja para viver a eternidade.

A segunda função básica das cartas às igrejas na Ásia é justamente nortear nossa jornada hoje.
Apesar de Apocalípse ser um livro com cores escatológicas, é altamente existencial tratando do cotidiano do povo de Deus neste mundo.
O verso 15 do texto que lemos fala sobre a possibilidade de uma Igreja ser quente, fria ou morna e erroneamente tem sido visto ao longo de anos como uma simples apresentação de três diferentes níveis de espiritualidade. Se o analisarmos cuidadosamente, entretanto, veremos que o assunto tratado é a funcionalidade da Igreja, seu modus operandi, o que ela faz baseado em quem ela reconhece ser.
Esta carta começa afirmando “conheço as tuas obras” (3:15) apontando para a vida funcional, prática e efetiva da Igreja e continua dizendo:.

“Que não és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente...”

e esta é basicamente uma afirmação de desejo. O Senhor Jesus afirmando à Igreja em Laodicéia que desejava que fossem quentes ou frios. Não há indícios para crermos que fosse uma expressão de ironia mas sim um desejo sincero de vê-los tanto quentes quanto frios.
Para entendermos esta afirmação precisamos lembrar que Laodicéia, pequena cidade, localizava-se entre outras duas grandes e conhecidas cidades na região. Ao norte Hierápolis e ao sul Colossos.
Hierápolis era conhecida em toda a região por suas fontes de águas frias. Era uma espécie de Oásis no verão para onde as multidões afluíam. Segundo Orgeon , à entrada da cidade havia uma inscrição com os dizeres: “Lugar de Refrigério”.
Colossos ao sul era ainda mais conhecida pelas suas fontes de águas quentes, sobre as quais dizia-se possuírem poderes medicinais e terapêuticos usadas por pessoas com problemas ósseos, reumáticos, respiratórios e tantos outros. Um lugar de cura e terapia do corpo.
Quando o Senhor afirmou à igreja: “que nem és frio nem quente” poderíamos parafrasear: Que nem possuis função de causar refrigério às vidas que os procuram como as águas frias de Hierápolis; como também perdestes a função terapêutica de alívio aos aflitos à semelhança das águas quentes de Colossos. Como sois mornos (e águas moras não possuem função) estou a ponto de vomitar-te da minha boca.
Jesus mostrava assim que em Seu Reino a Igreja deveria possuir uma função kerygmática. De levar o evangelho até a última fronteira.
Permitam-me propor-lhes alguns conceitos norteadores da caminhada desta Igreja na visão de Jesus para o Seu Reino, a partir do exemplo de Laodicéia.

1. No Reino de Deus o caráter precede a Missão
A vinda do Reino entre todos os povos começa sempre a partir de um movimento particular antes de chegar às massas. Começa a partir de um coração que espelha o senhor Jesus.
Muitas vezes nos impressionamos com homens, ministérios e histórias que não impressionam a Deus. E isto acontece porque o critério pelo qual o Senhor Jesus julga a sua Igreja é muito mais particular do que público. Por isto sabemos biblicamente que Missões não é uma ação definida em termos de resultados mas sim de fidelidade ao Senhor. Entretanto em nossa recente história das missões no Brasil ainda cultuamos mais os resultados do que o caráter.
No verso 15 quando o Senhor Jesus, escrevendo à Igreja em Laodicéia diz, “conheço as tuas obras”, o texto utiliza a expressão “erga” (de “ergon”) para “obras”.
Poderia ter utilizado “energema” se desejasse enfatizar a vida pública, e não particular da Igreja. Ou ainda “euergeteo” se o objetivo fosse enfatizar a sua vida comunitária.
Entretanto “erga” se refere a atos puramentes pessoais, à vida particular. Não se trata de grandes realizações ou façanhas mas sim da rotina da vida diára. Em outras palavras Ele estaria dizendo: conheço a sua vida, seus pensamentos e suas tendências. Conheço a sua rotina fora do templo. Conheço o seu caráter.
Como podemos avaliar o nosso esforço missionário ? A partir dos resultados na transmissão da Palavra ou da fidelidade em vivê-la e transmiti-la ?
Creio que nós não fomos chamados simplesmente a converter as nações mas sim a viver a fé que pregamos. É o que mostra-nos 1 Coríntios 4:9 quando o texto afirma que os “apóstolos” (representando a Igreja que avançava) eram postos em “último lugar”, como se “condenados à morte”. E termina dizendo que “nos tornamos espetáculo ao mundo, tanto a anjos quanto a homens”.
O termo para “espetáculo” neste verso é “theatron” de onde temos a palavra “teatro” em português. “Theatron” literalmente significava “estar em um palco sendo observado”. A idéia é de um grupo teatral se apresentando em um palco iluminado por tochas que eram postas ao seu redor. Cada palavra dita, gesto realizado, movimento ou intenções estavam sendo cuidadosamente observados pelo auditório.
A verdade simples e contundente que sai deste texto é que você e eu, a Igreja de Jesus Cristo, estamos sendo observados, e não apenas por homens mas também por anjos. A ênfase desta afirmação portanto não é simplesmente kerigmática, defendendo uma Igreja que existe para apenas proclamar o evangelho de forma inteligível, mas sim martírica: uma comunidade de santos que, antes de mais nada, foi chamada para falar, viver, agir e reagir de acordo com o caráter de Jesus. O verso não fala a respeito de salvação mas sim de testemunho.
Tiago 4:8 também nos adverte para que não sejamos uma Igreja com “ânimo dobre” e para “dobre” usa a expressão grega “dipxoi” (di-dois; pxoi – almas) : duas almas. Fala portanto a respeito de alguém que possui um corpo mas duas almas. Uma alma quer Deus e a outra deseja o mundo. Uma grita “glória a Deus” durante o ardente momento de louvor e a outra caminha negociando a verdade e a justiça no dia a dia do seu trabalho. Uma fala de santidade, a outra de mundanismo.
Ele nos alerta assim exortando-nos a sermos um homem com apenas uma alma. Que deseja apenas a Deus, Sua verdade e justiça. A glória do Seu nome.
Missões portanto não é um empreendimento que pode ser medido pelos resultados alcançados mas deve ser definido pela fidelidade na comunicação do amor de Deus ao mundo, e portanto não é a competência mas sim a vida e caráter que definirão a obra a ser realizada.
O caráter precede a Missão. E se isto é verdade precisamos, em nossas igrejas locais e escolas se Missões fazer mais do que treinar missionários. Precisamos fazer discípulos.

2. No Reino de Deus a obediência determina o avanço
Logo após o Senhor Jesus afirmar que Laodicéia era uma Igreja disfuncional, Ele apresenta o motivo no verso 17: “pois dizes: estou rico e abastado e não preciso de cousa alguma”.
O motivo da disfuncionalidade daquela Igreja na Ásia era o pecado, e neste caso a soberba. O pecado possui a habilidade de nos incapacitar temporariamente, de inibir a nossa funcionalidade e de obscurer a nossa Missão. O pecado produz uma Igreja estéril.
E perante isto percebemos que apenas a obediência ao Senhor construirá uma Igreja que irá até a última fronteira. Em toda a história da expansão da Igreja vemos que somente a obediência, e não a tecnologia ou recursos financeiros, determinou o seu avanço. Para avançar e transpor barreiras é necessário obedecer.
Vejamos quais barreiras temos perante nós ainda hoje.
Desafio Étnico.
Há no mundo atual 2227 grupos étnicos distintos sem qualquer presença missionária ou conhecimento do evangelho. Pressupondo que já entramos nas áreas mais abertas política, linguística, geográfica e culturalmente, podemos entender que estes 2.227 PNAs (Povos Não Alcançados) não são “mais” 2.000 grupos sem o evangelho mas sim justamente os mais resistentes em toda a história do Cristianismo. Portanto estamos lidando com o remanescente que apresentará maior resistência.
Desafio Linguístico.
Convivemos hoje com 6528 línguas vivas. 336 possuem a Bíblia completa, 928 o Novo Testamento completo e 918 grandes porções bíblicas, ou seja a Palavra está expressivamente presente em 2212 línguas. Deixa-nos com mais de 4.000 línguas, minoritárias e faladas por apenas 6% da população mundial, sem nada da Palavra de Deus. Entretanto tudo isto acontece em um mundo onde 1 bilhão e meio de pessoas, segundo a ONU, não sabe ler ou escrever. Não poderiam ler a Palavra mesmo se a tivessem em sua própria língua.
Desafio Missiológico.
Fomos bombadeardos positivamente desde a década de 80 por uma missiologia que priorizava alcançar os não alcançados. Neste afã começamos a concentrar-nos como Igreja e Agências Missionárias na lista dos PNAs. E hoje, desde que Ralph Winter primeiramente listou os 13.000 povos não alcançados nos anos 80, este número baixou para 2.227 e há quem pense que é ainda menor. Entretanto, de acordo com os relatórios de crescimento da Igreja da World Mission International podemos notar que o evangelho apenas arranhou a superfície social em pelo menos 4.000 destes povos. Entre estes menos de 2% da população conhece a Jesus e não há registro de grandes avanços.
Corremos o risco, assim, de encerrar esta década sem nenhum povo não alcançado em nossa lista de PNAs mas com milhares de grupos onde mais de 90% da população desconhece Jesus. Esta também, ao meu ver, é uma realidade indígena brasileira. Precisamos enfatizar não apenas os PNAs em nosso país mas também os grupos onde a Igreja, presente, precisa de ajuda para fazer o evangelho chegar entre todo o seu povo.
Para ultrapassar tais barreiras é necessário obedecer. No dia 13 de agosto de 1727 houve um avivamento missionário entre um grupo de Checos refugiados na Saxônia (atual Alemanha) , chamados de Morávios. O líder daquele movimento era Nicolas Von Zinzendorf e esta pequena igreja enviou missinários para todos os continentes da terra e mudou o rumo da nossa história. Já ao fim deste movimento Zinzendorf desejou fortemente enviar um missionário para alcançar os esquimós no Ártico e decidiu desafiar o oleiro da aldeia. Um homem de meia idade, solteiro, que fazia vasos de barro para viver. Mas Zinzendorf não tinha mais dinheiro e nem uma equipe para enviar com ele como fizera no passado. Após orar ele o chamou em um fim de tarde e disse: “Creio que é vontade do Senhor que alcancemos os esquimós e quero lhe desafiar a ser este missionário. Não temos dinheiro para lhe dar portanto, se aceitar você irá como peregrino e com certeza, pela distância e dificuldade de chegar à região, não creio que jamais poderá regressar”.
Aquele oleiro pensou por um momento e disse: “Falar de Jesus ? Se você puder me dar um par de sapatos usados, amanhã cedo eu irei”. Imagino que aquele homem estivesse descalço e sua única exigência ao dar a sua vida à causa de Jesus foi um par de sapatos usados. Hoje, mais de 50% dos esquimós são crentes no Senhor Jesus.
A obediência determina o avanço.

3. No Reino de Deus o sacrifício prepara a terra para o plantio.
O versículo 20 tem sido usado muitas vezes como ilustração evangelística:
“Eis que estou a porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa, e cearei com ele e ele comigo”.
Na verdade este é um convite à Igreja e não ao descrente. Um convite para a comunhão com Jesus. Entretanto comunhão com Jesus implica muitas vezes em sacrifício necessário pela simples necessidade de abstinência daquilo que não combina com o Mestre.
Para ultrapassarmos as barreiras que temos perante nós, sejam urbanas ou tribais, linguísticas ou culturais, de caráter ou de preparo, precisamos levar em consideração a possibilidade do sacrifício cristão.
Isto aconteceu em Atos no capítulo 8 quando a Igreja sofreu na primeira grande arrancada em direção à proclamação do evangelho além fronteiras.
No verso 1 Lucas diz que houve grande “perseguição” à igreja e usa para isto a palavra grega “Diogmos”, que está ligada ao sofrimento físico: causar dores, fazer sofrer. Expunha um ataque físico no qual os crentes eram açoitados e mortos.
No verso 2 ele diz que houve grande “pranto” a respeito de Estêvão e para “pranto” ele usa o termo “Kopeton” que significa literalmente “bater no peito” e indica um sofrimento Emocional. Era a Igreja angustiada e deprimida pela cruel perseguição.
No verso 3 Lucas afirma que Saulo “assolava” a Igreja usando para isto um termo grego derivado de “Lumaino” que aponta para a destruição espiritual. É o mesmo termo usado em João 10:10 em que lemos que o diabo veio “roubar, matar e... destruir”.
A Igreja sofria fisica, emocional e espiritualmente, mas crescia. Com certeza ela nunca, conscientemente buscou o sacrifício, mas estava pronto para passar por ele quando o momento chegasse. Kermann afirma que “o sacrifício precede os grandes avanços” e em Atos 8, na dolorosa dispersão da Igreja, o evangelho avançou.
Os blocos de resistência que temos perante nós hoje,
a) O Islamismo se enraizando cada vez mais sob uma cobertura política e sendo confundido com nacionalismo;
b) O Budismo ganhando aura de religião de requinte a qual nunca recebeu tanto subsídio de marketing mundial como nos últimos 10 anos;
c) O Animismo resistente e pronto a fomentar o sincretismo cristão onde quer que esteja;
d) O secularismo pós-moderno varrendo a Europa e Norte da América.
O Cristianismo não ultrapassará estas barreiras sem sacrifício.
Estive recentemente visitando uma região próxima a Maraã no coração da Amazônia onde vivem os Kambeba, Kokama e Miranha. Eram tidos, até pouco tempo atrás, como grupos indígenas ainda não alcançados pelo evangelho. Tamanha foi minha surpresa ao chegar entre eles e ver ali a presença de uma forte igreja evangélica, que louva a Deus com fervor e amor. Procurando os autores daquele trabalho missionário nos apontaram alguns crentes ribeirinhos, especialmente o Sr. João, como é conhecido. Fui entrevistá-los. Pessoas simples, alguns ainda iletrados, mas com tremenda paixão pelo Senhor Jesus. Viviam em um “flutuante” formado por um cômodo apenas e, além das redes, possuiam somente uma cadeira e uma panela. Contaram-me então como, através do escambo e comércio com os indígenas, conseguiram lhes transmitir o evangelho e plantar ali uma forte igreja.
Perguntei-lhes: “Mas como vieram parar aqui, em região tão distante ?”
Responderam-me: “viemos ganhar a vida”.
“E como está a vida” – lhes perguntei.
“Vai muito bem. Já plantamos 6 igrejas”.
Aqueles eram missionários sem sustento, aplausos ou reconhecimento. Eram servos de Jesus que confundiam o ganhar da vida com o ganhar de almas. Homens que passavam privações profundas para que o evangelho chegasse até ao final do rio Maraã. O sacrifício necessário rega a terra e abre as portas para o avanço.
Em 1876 Don Capricio, bispo católico romano, ministrava a palavra inicial na convenção regional hospedada em Taranto, sul da Itália, quando afirmou que ‘A Missio Dei, pela sua supremacia bíblica, dispensa a Missão da Igreja. Somos apenas contempladores das maravilhas do Deus que faz '. Apesar da ênfase deísta gostaria de, após 125 anos, contestar esta proposta eclesio-missiológica que se apoderou etogenicamente da nossa consciência cristã pós-moderna. A Igreja não é um membro contemplativo do Reino de Deus, excluída da Missio Dei e chamada a ser exangue, alienada, sem vida e sem paixão. Ela é parte do Projeto de Redenção escrito pelo Senhor para a salvação de todo aquele que crê.
Don Capricio, entretanto não se distancia muito da errática tendência cristã atual que tenta incluir-se nas bênçãos do evangelho e se auto-excluir de sua prática: a antibíblica vontade de ver a terra arada sem por as mãos no arado. De pregar o evangelho sem crer na possiblidade do sacrifício.
O sacrifício prepara a terra para o plantio.

Conclusão
Em 1784, após lerem a biografia do missionário David Brainard, o estudante Wiliam Carey foi chamado por Deus para alcançar os Indianos. Saiu da Inglaterra, na viagem de navio sua esposa engravidou e deu a luz antes de chegar à India em uma viagem que durou mais de 12 meses em alto mar. Foi um dos maiores missionários que a História registra e traduziu porções do Novo Testamento para mais de 20 línguas.
Em 1852 Deus falou ao coração de um jovem franzino e não muito saudável para se dispor ao trabalho transcultural em um país idólatra e selvagem. Vários irmãos de sua igreja tentavam dissuadí-lo dizendo: “para que ir tão longe se aqui na América do Norte há tanto o que fazer ?” Ele preferiu ouvir a Deus e foi. Seu nome é Simonton que veio ao Brasil e fundou a Igreja Presbiteriana do Brasil tendo chegado aqui no dia 12 de agosto de 1859.
Em 1945 Deus levantou uma mulher também na América. Solteira, baixinha e inexperiente ela veio ao Brasil e embrenhou-se na floresta Amazônica onde desejava evangelizar um rio, chamado Içana. Seu nome é Sofia Muller, missionária da Novas Tribos do Brasil. E Deus deu-lhe forças. Percorreu aquele rio durante décadas, alcançou a tribo Baniwa, Kuripako e traduziu o Novo Testamento para o Kuripako. Como usava todo o seu tempo em terra para o evangelismo ela o traduziu enquanto viajava de canoa de aldeia em aldeia durante mais de duas décadas. Hoje, uma vez por ano, todas as tribos convertidas se encontram para louvar a Deus por ter levantado Sofia Muller para lhes trazer o evangelho. A Funai afirmou recentemente que este é um dos pouquíssimos lugares na Amazônia onde os indígenas não enfrentam problemas com alcoolismo, conflitos e guerras.
Há duas coisas em comum entre Carey, Simonton e Sofia Muller. Todos registraram em seus diários e biografias um desejo apaixonante de fazer diferença na terra e compartilhavam a teologia da expansão do Reino até aos confins do mundo.
Não se contentavam apenas em susbsistir neste mundo vendo a vida passar. Criam que, em Deus, é possível mudar o óbvio, tranpor o impossível e fazer diferença em vida. Criam que fomos criados para levar o nome de Jesus até a última fronteira conhecida. Gostaria que também crêssemos assim. A Deus toda glória.


 

Confissões Ministeriais
Horatius Bonar

Temos sido carnais e insensíveis espiritualmente. Por nos associarmos com muita freqüência e muita intimidade com o mundo, em grande medida acabamos nos acostumando com suas formas de agir. Como resultado, nossas percepções espirituais foram destruídas e nossas consciências calejadas. A tenra sensibilidade do nosso coração desapareceu e foi substituída por um grau de calosidade que antes nos achávamos incapazes de possuir.
Temos sido egoístas. Temos considerado preciosas nossas vidas e nosso conforto. Temos procurado agradar a nós mesmos. Tornamo-nos materialistas e cobiçosos. Não nos temos apresentado a Deus como "sacrifícios vivos", dispondo de nós mesmos, do nosso tempo, da nossa força, das nossas faculdades e do nosso tudo sobre seu altar... assim como Jesus, que não agradou a si mesmo.
Temos sido indolentes. Não temos procurado ajuntar os fragmentos do nosso tempo, a fim de que nenhum momento fosse desperdiçado inutilmente. Preciosas horas e dias foram gastos sem propósito em conversas e prazeres fúteis, quando poderiam ser usados na oração, no estudo ou na pregação! Indolência, auto-satisfação e indulgência da carne estão corroendo nosso ministério qual tumor canceroso, impedindo a bênção e maculando nosso testemunho.
Temos sido apáticos. Mesmo na nossa diligência, quão pouco calor e brilho! Não derramamos toda nossa alma na nossa atividade, o que deixa tantas vezes a impressão de mera forma e rotina. Não falamos nem agimos como pessoas intensas. Nossas palavras são débeis, mesmo quando verdadeiras e fundamentadas. Nossas expressões são indiferentes, mesmo quando as palavras são carregadas de significado. Falta amor – amor que é forte como a morte; amor como aquele que fez Jeremias chorar em lugares secretos.
Temos sido tímidos. O temor nos tem levado muitas vezes a generalizar verdades, que se fossem declaradas especificamente, com certeza teriam trazido ódio e opróbrio sobre nós. Quantas vezes deixamos de declarar ao nosso povo todo o conselho de Deus. Temos nos retraído de reprovar, repreender e exortar com toda paciência e verdade. Tivemos medo de alienar amigos ou despertar a ira de inimigos.
Temos faltado em sobriedade. Como deveríamos nos sentir profundamente abatidos por causa da nossa leviandade, frivoleza, irreverência, alegria superficial, conversas vãs e brincadeiras, pelas quais sérios prejuízos foram causados a outros, o progresso dos santos retardado e a miserável inutilidade do mundo reforçada.
Temos pregado a nós mesmos e não a Cristo. Temos buscado aplausos, cortejado a honra, sido solícitos com a fama e enciumados por causa da reputação. Por muitas vezes, temos pregado visando atrair a atenção das pessoas para nós mesmos, ao invés de conduzi-las a Jesus e à sua cruz. Cristo não tem sido o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, de todos os nossos sermões.
Não temos estudado e honrado devidamente a Palavra de Deus. Temos dado proeminência maior aos escritos dos homens, às opiniões dos homens e aos sistemas humanos nos nossos estudos e meditações. Temos mantido mais comunhão com o homem do que com Deus. Precisamos estudar mais a Bíblia. Precisamos imergir nossas almas nela. Precisamos não só fazer um depósito dela dentro de nós, mas transfundi-la através de toda a textura do nosso interior. O estudo da verdade mais na forma acadêmica do que na devocional a tem roubado de seu vigor e da sua vida, gerando no seu lugar frieza e formalidade.
Não temos sido pessoas de oração. Temos permitido que negócios, estudos e atividades interfiram com nossas horas a sós com o Senhor. Uma atmosfera febril tem invadido nosso tempo devocional, perturbando a doce calma da bendita solitude. Sono, conversas fúteis, visitas sem propósito, brincadeiras, leituras sem conteúdo e ocupações inúteis preenchem tempo que poderia ser redimido e dedicado à oração. Por que há tanto palavrório e tão pouca oração? Por que tanta agitação e correria e tão pouca oração? Por que tantas reuniões com nossos próximos, e tão poucos encontros com Deus? É a falta destas horas solitárias que tornam nossas vidas impotentes, nosso trabalho improdutivo e nosso ministério débil e infrutífero.
Não temos honrado o Espírito Santo. Não temos procurado sua unção no estudo da Palavra nem na pregação. Temos entristecido-o, desvalorizando seu papel como Mestre, Consolador, Santificador e o único capaz de convencer do pecado ou da verdade. Por isso, por pouco ele tem se afastado de nós, deixando-nos colher o fruto da nossa própria perversidade e incredulidade.
Temos sido incrédulos. É a incredulidade que nos torna tão frios na pregação, tão indispostos para visitar e tão negligentes em todos os nossos deveres sagrados. É a incredulidade que congela nossa vida e endurece nosso coração. É a incredulidade que nos leva a lidar com realidades eternas com tanta irreverência. É a incredulidade que nos permite subir ao púlpito com passos tão leves, quando ali iremos tratar com seres imortais sobre assuntos referentes ao céu e ao inferno.
Precisamos de pessoas que se disponham e que se derramem; que se doem e que orem; que vigiem e chorem pelas vidas perdidas.



sábado, 24 de setembro de 2011

BOLETIM INFORMATIVO DO PR ROBERTO - MISSIONÁRIO NA BOLÍVIA

A paz do Senhor aos queridos irmãos.

Me econtro em Bolivia e a obra está bem. Neste domingo a igreja estava cheia.
Separei como cooperadores um casal de professores da comunidade que já há algum tempo, tem dado frutos.
Estamos com muitos jovens servindo ao SENHOR.
As congregações estão sofrendo por falta de obreiros, são obras em povoados de difícil acesso, mas não desistimos de chegar a essas pessoas carentes.
Infelizmente o meu carro está com defeitos. já gastei muito e não tenho tido bons resultados. Ainda não conseguimos concertar a moto desde o acidente. Isso dificulta bastante o nosso trabalho.
Continuamos firmes com o café comunitário. Infelizmente ouve um ROUBO na escolinha de RANCHO NUEVO um dos lugares mais pobre que temos nesse projeto.
Levaram o nosso fogão e o botijão de gás, etc. As crianças buscam lenhas para que os pais possam continuar fazendo o café para eles.
ESTAMOS COM MUITOS DESAFIOS NA OBRA EM BOLIVIA. Orem por nós.
Graças a Deus conseguimos reformar todas as CADEIRAS de RODAS. Obrigadaoooooo pela sua ajuda.
Alguns anos atrás ganhei um fogão industrial no Brasil e consegui trazer até a Bolivia e o memo está com defeito, não funciona mais. O que fazer? Nos ajude nesses desafios.
O LAR DE IDOSOS está lotado. Essa semana fomos buscar um velinho que estava numa situação desumana, se ele permanecesse lá, ele ia apodrecer. Graças a Deus, chegamos a tempo. A família são QUECHUAS (Índios), o corpo dele está em carne viva, vivendo em um colchão de palha em uma humilde casa de madeira e sapê, em um lugar de difícil acesso. Ele já está em sob nossos cuidados.
AMADOS DIA 21/08( DOMINGO) VAMOS REALIZAR UMA GRANDE EBF ESTAMOS ESPERANDO APROXIMADAMENTE UMAS 400 CRIANÇAS. ELAS SÃO DOS 6 PEQUENOS POVOADOS QUE ESTAMOS DANDO O CAFÉ COMUNITÁRIO. Está em meu coração, alugar diferentes brinquedos, fechar a Rua de nossa igreja, realizar brincadeiras, estudos bíblicos, dar almoço, café e lanche.
RAZÃO PELA QUAL ENVIO ESSE EMAIL PARA PEDIR SUAS ORAÇÕES E SEU APOIO. Faço isso por fé e sei que DEUS vai nos horrar pois fazemos tudo por AMOR e com propósito de ganharmos vidas.
NAO DEIXE DE NOS ENVIAR UMA OFERTA DE AMOR.......... SE POSSÍVEL REENVIE ESSE EMAIL.

Família Missionária na Bolívia
CONTRIBUIÇÕES:
Banco do Brasil: Ag 0091-4 C/C: 21723-9
Banco Bradesco: Ag 2089 C/P: 6628972-9
Banco do Itaú : Ag 1388 C/C: 12421-4

Pr. Roberto Luis Rodrigues dos Santos .
Asociación Missionera Evangélica Internacional El Buen Samaritano
FONE: (00xx5913) 3822785 ou 77649466
Correspondência: Casila de Correo 6696 - Santa Cruz – Bolívia
















Louvarei na Tempestade - Uma animação

Paul Washer - 10 Acusações Contra a Igreja Moderna

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O Trono de Julgamento de Cristo (Pregação Completa) - Leonard Ravenhill

POR QUE TARDA O PLENO AVIVAMENTO - LEONARD RAVENHILL

Precisa-se: Um Profeta Para Pregar Aos Pregadores

Tentar fazer uma avaliação de João Batista pelos modernos padrões de espiritualidade seria o mesmo que tentar medir o sol com uma fita métrica. No Jordão, a multidão ansiosa indagou a respeito do recém-nascido:
— Que virá a ser, pois, este menino?
E a resposta foi:
— Ele será grande diante do Senhor.
Hoje em dia, a palavra “grande” se acha muito desgastada, pois confundimos proeminência com importância. Naquela época, Deus não estava à procura de sacerdotes, nem de pregadores, mas de homens. E havia muitos homens, como hoje, mas eram todos “pequenos” demais. Ele precisava de um grande homem para uma grande missão.
João Batista possuía pelo menos um atributo que o qualificava para o sacerdócio, mas tinha todos os requisitos necessários para tornar-se um profeta. Antes de sua vinda, o povo vivera quatrocentos anos de trevas, sem um raio da luz profética; quatrocentos anos de silêncio, em que não se ouvira o brado: “Assim diz o Senhor”; quatrocentos anos de uma constante deterioração espiritual. E assim Israel, a nação escolhida por Deus, estava imersa em holocaustos, cerimônias e circuncisões, fazendo expiação com rios de sangue de animais, e tendo por mediador uma classe sacerdotal rica e saciada.
Mas o que um exército de sacerdotes não conseguiu fazer em quatrocentos anos, foi feito em seis meses por um homem “enviado por Deus”, moldado por Deus, cheio de Deus e incendiado por Deus, João Batista.
Concordo com E. M. Bounds quando diz que Deus leva vinte anos para formar um pregador. A preparação de João foi feita na divina Universidade do Silêncio. Deus matricula nela todos os seus grandes homens. Embora Cristo tenha feito sua interpelação a Paulo — um fariseu orgulhoso, legalista, de intelecto privilegiado e linhagem invejável — na estrada de Damasco, ele precisou passar três anos na Arábia para se esvaziar de tudo isso, e desaprender o que aprendera, para que finalmente pudesse afirmar: “Deus revelou-se em mim”. Deus pode preencher num minuto o que nós levamos anos para esvaziar. Aleluia!
Jesus disse: “Ide”, mas também ordenou: “Permanecei... até que”. Aquele que resolver passar uma semana fechado num aposento, a pão e água, sem nenhuma leitura a não ser a Bíblia, sem companhia alguma a não ser a do Espírito Santo, ou sofrerá um colapso nervoso ou terá tal experiência com Deus que sua vida e ministério serão revolucionados. Depois disso, como Paulo, ele será conhecido no inferno.
João Batista ficou na divina Escola do Silêncio, o deserto, até o dia em que se manifestou ao povo. E quem poderia estar mais bem preparado para aquela tarefa de despertar de seu sono carnal aquela nação entorpecida, do que aquele profeta queimado de sol, batizado com o fogo e moldado no deserto, e enviado por Deus? Nos olhos, ele trazia a luz de Deus, na voz a autoridade divina e na alma o mesmo ardor de Deus. Quem — pergunto eu — poderia ser maior do que João? É verdade que ele “não fez nenhum sinal”, isto é, não ressuscitou nenhum morto. Mas fez muito mais: ergueu uma nação morta.
E esse profeta vestido de couro, com um ministério de curta duração, era tão ardoroso e sua luz tinha tal brilho, que os que ouviam suas mensagens fervorosas, candentes, iam para casa e passavam noites insones até que sua alma se quebrantava em arrependimento. Entretanto, tinha uma doutrina diferente: sem holocaustos, sem cerimônias, sem circuncisão; tinha uma dieta estranha: sem vinhos, nem banquetes; tinha roupas estranhas: sem filactérios, nem vestes farisaicas.
É verdade, mas João era grande! As grandes águias voam sozinhas; os leões maiores caçam sozinhos; as almas grandiosas vivem sozinhas, a sós com Deus. É muito difícil suportar tal solidão; é impossível apreciá-la, a não ser acompanhado de Deus. Realmente João conseguiu ser grande. Ele foi grande em três aspectos: grande na sua fidelidade ao Pai (preparou-se durante tanto tempo para pregar por tão curto período); grande em sua submissão ao Espírito (andava ou parava de acordo com as orientações dele); grande nas afirmações que fez sobre o Filho (apontando Jesus como “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”, apesar de não ter-se avistado com ele antes).
João era uma “Voz”. A maioria dos pregadores não passa de ecos, pois, se prestarmos bem atenção, saberemos dizer quais os livros que andaram lendo, e notaremos que citaram muito pouco do Livro. E hoje, só uma Voz, voz de um profeta enviado do céu para pregar aos pregadores, conseguiria despertar o coração dos homens. Só quem tem coração quebrantado é capaz de levar outros ao quebrantamento. Irmãos, nós temos equipamentos, mas não temos poder; temos ação, mas não unção; barulho, mas não avivamento. Somos dogmáticos, mas não dinâmicos!
Todas as eras têm iniciado com fogo, e todas as vidas, sejam de pregadores ou de prostitutas, vão findar em fogo — o fogo do juízo para alguns, o fogo do inferno para outros. Wesley diz o seguinte em um de seus hinos:
“Salvemos as almas do fogo do inferno,
aliviando-lhes o tormento com o sangue de Cristo”.
Irmãos, temos só uma missão: salvar almas, e, no entanto, elas estão perecendo. Pensemos nisso! Existem milhões, centenas de milhões, talvez milhares de milhões de almas eternas que precisam de Cristo. E sem a vida eterna elas irão perecer. Ah, que vergonha para nós, que horror, que tragédia! “Cristo não desejava que ninguém se perdesse”. Irmãos pregadores, hoje há milhões e milhões de pessoas seguindo para o fogo do inferno, porque nós perdemos o fogo do Espírito!
Esta geração de pregadores é responsável pela atual geração de pecadores. Diante das portas de nossas igrejas passam todos os dias milhares de pessoas que não foram salvas porque ninguém lhes pregou, e ninguém lhes pregou porque ninguém as amou. Dou graças a Deus pelo grande trabalho que é realizado nos países estrangeiros. Contudo é muito estranho que aparentemente tenhamos maior preocupação por aqueles que se encontram do outro lado do mundo, do que com os que moram do outro lado da rua. Apesar de todas as nossas campanhas e nosso evangelismo de massas, o número dos que são salvos se limita a centenas, enquanto que, se cair uma bomba atômica por aqui, irão aos milhares para o inferno.
Não tem fundamento a afirmação feita por alguns de que a pecaminosidade atual não tem paralelo em outra época da História. Jesus disse o seguinte: “Assim como foi nos dias de Noé, será também nos dias do Filho do homem”. A descrição de como foi nos dias de Noé encontra-se em Gênesis 6.5: “Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na terra, e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração”. Então o mal era total, “todo o desígnio”; era contínuo, “continuamente mau”. Era assim, e assim é. Hoje o pecado está recebendo uma fachada de embelezamento, está sendo popularizado, entrando por nossos ouvidos através dos rádios, pelos nossos olhos através da televisão e das capas de revistas. Os membros de igreja se acham saturados das pregações e cansados dos ensinos que ouvem, e estão saindo dos cultos da mesma forma como entram — sem visão e sem fervor algum. Ó Deus, envia para esta geração dez mil João Batistas para arrancar os curativos que os moralistas e políticos colocaram sobre o pecado das nações!
Assim como Moisés não pôde deixar de notar a sarça que ardia, assim também ninguém vai-se enganar quando vir um homem em chamas. Deus vence um fogo com outro fogo. Quanto mais fogo houver nos púlpitos, menos pessoas haverá no fogo do inferno.
João Batista foi um homem diferente com uma mensagem diferente. Assim como o réu acusado de assassinato empalidece ao ouvir o juiz pronunciar a sentença: “Culpado!” assim também aquele povo ouviu João clamar: “Arrependei-vos!” E esse clamor ecoou nos recessos de sua mente, despertando lembranças, fazendo pesar a consciência e levando-os a buscar o batismo, dominados pelo terror. E após o Pentecostes, a pregação de Pedro, que acabara de receber o batismo de fogo do Espírito, abalou os ouvintes de tal modo que eles clamaram: “Que faremos, irmãos?”
Imaginemos que alguém lhes respondesse: “Assine este cartão de membro! Passe a freqüentar esta igreja regularmente. Dê sempre os dízimos”.
Não! Mil vezes não!
Inspirado pela unção do Espírito, João dizia: “Arrependei-vos!” E eles se arrependeram. Mas arrepender não é simplesmente derramar algumas lágrimas no altar. Também não é ter remorso, nem emoção, nem passar por uma reforma pessoal. Arrepender-se é mudar de idéia com relação a Deus, ao pecado e ao inferno!
As duas maiores forças da natureza são o vento e o fogo, e as duas se uniram no dia de Pentecostes. E aquele abençoado grupo reunido no cenáculo, como o vento e o fogo, se tornou irresistível, incontrolável e imprevisível. E o fogo que ardia neles extinguiu a violência do fogo; dele saíram chamas missionárias, centelhas que incendiaram o coração de mártires, e atearam o fogo do avivamento.
Há cerca de duzentos anos atrás Carlos Wesley cantava:
“Ah, que o fogo sagrado possa começar a arder em mim.
E queime a escória dos desejos vis
E faça os montes ruir”.
E o Dr. Hatch levantou o seguinte clamor:
“Sopra em mim, fôlego divino,
Até que me torne inteiramente teu.
Até que o que há de terreno em mim
Arda com o fogo dos céus”.
O fogo do Espírito Santo destrói, purifica, aquece, atrai e enche de poder.
Existem alguns crentes que não sabem precisar a data em que foram salvos. Mas ainda não conheci ninguém que tenha sido batizado com o Espírito Santo e com fogo que não saiba dizer o momento em que isso aconteceu. São esses homens que abalam os povos e os conquistam para Deus, como Wesley, que nasceu do Espírito, foi cheio do Espírito e viveu sempre no Espírito.
Os automóveis só rodam depois que recebem a centelha da ignição; as pessoas que não se movem nem se comovem são as que não receberam ainda o fogo.
Amados irmãos, a Bíblia fala de uma sentença mais pesada para os pregadores. Para eles haverá “maior juízo” (Tg 3.1). Pode ser até que quando eles estiverem perante o trono do julgamento divino, os pecadores lhes digam:
“Pregador, se o senhor tivesse o fogo do Espírito, eu agora não estaria indo para o fogo do inferno”.
Como Wesley, eu também creio que os crentes precisam experimentar o arrependimento. A promessa do Pai é para você. Então agora, onde quer que esteja, numa missão no estrangeiro, numa casa rica e confortável ou num gabinete pastoral, se estiver sentindo-se quebrantado, pronto a render as armas, ajoelhe-se e faça suas as palavras da seguinte oração:
“Manda, Senhor, o fogo,
Para fortalecer meu coração,
E eu viva para salvar o mundo que está perecendo.
Em teu altar agora deposito
Minha vida, meu ser;
Em sinal de aceitação dessa minha oferta, peço-te,
Envia sobre ela o fogo divino!”
— F. de L. Booth-Tucker.

Hoje temos uma igreja fria, num mundo frio, porque os pregadores são frios. Manda teu fogo, Senhor!

ESTUDOS BETESDA / MARCOS / LIÇÃO 4

PESCADORES DE HOMENS
Marcos 1:16-20
Mateus 4:18-22; Lucas 5:1-11
Após Jesus iniciar seu ministério público proclamando a chegada do Reino dos Céus e a mensagem de arrependimento (porta de entrada do Reino), agora ele dá início ao seu processo de recrutamento dos trabalhadores, daqueles que iriam caminhar com Ele e cujas vidas nunca mais seriam a mesma, pois é impossível andar com o mestre sem que sua vida seja impactada e transformada. Assim como é impossível alguém dizer que conhece Jesus, sem que isso implique numa mudança em toda sua forma de pensar, sentir e agir. O Reino dos Céus está sendo estabelecido e Jesus está recrutando trabalhadores!

“É impossível andar com o mestre sem que sua vida seja impactada e transformada.”

Na verdade três são os momentos quando Jesus está chamando seus discípulos, são eles:
Chamados para a salvação (Jo.1:35-51) – Momento em que Jesus está chamando André e Pedro para deixar de seguir João Batista e seguirem com Ele. Mas nesta ocasião eles ainda voltaram para Galiléia e continuaram suas atividades pesqueiras. Da mesma maneira acontece com todos os demais homens, Deus os chama para salvação (mediante arrependimento e fé em Jesus Cristo) e os transforma em uma nova criação.
Chamados para o discipulado (Mac.1:16-20) – Momento em que Pedro, André, Tiago e João são chamados a segui-lo, este é um chamado para o discipulado. Mas em Lucas 5:1-11, vemos que eles ainda voltaram a pescaria no Mar da Galiléia. Foi neste momento que Pedro disse: “Senhor, afasta-te de mim, porque eu sou pecador.” Declarando assim achar-se inadequado para a missão. Não somente somos chamados a salvação, mas para vivermos uma vida de aprendizado/discipulado com Ele, ou seja, somos chamados para ter um relacionamento com Jesus.
Chamados para o ministério (Mac.3:14-21) – Momento em que Jesus separa 12 entre os seus discípulos e os envia a pregar e a expulsar demônios. Todos nós somos chamados por Deus para desenvolvermos um ministério, para isso ele nos capacita com dons espirituais (I Cor.12,13,14; Rom.12 e Ef.4) e com unção (poder) At.1:8. Neste caso específico, Jesus os chama a serem “pescadores de homens”, ou seja, crentes que levem outros a conhecer o amor salvador do Senhor.
Após vermos quais são os três chamados que Deus faz ao homem, veremos a partir de agora algumas características deste chamado e suas implicações na vida do homem, vejamos:
Deus chama cooperadores – Em toda Bíblia você vai encontrar Deus buscando homens e mulheres que queiram se colocar na condição de cooperadores, instrumento em suas mãos. Um texto que deixa bem claro essa busca de Deus está em Ezequiel 22:30.

“Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se colocasse na brecha perante mim, a favor desta terra, para que eu não a destruísse; mas a ninguém achei.”

Deus busca homens que se coloquem a disposição d'Ele para serem usados com Poder e Graça.
Deus chama trabalhadores – Os discípulos estavam trabalhando como pescadores e foram chamados por Deus. As pessoas que são convocadas por Deus para uma missão, não são aquelas que dormem até tarde e levam uma vida despreocupada e folgada. Deus em toda sua história bíblica sempre chamou pessoas ocupadas e trabalhando, vejamos alguns exemplos:
• Moisés foi chamado quando estava pastoreando as ovelhas no Sinai – Êxodo 3:1-14;
• Gideão foi chamado para julgar Israel quando estava malhando trigo no lagar – Juízes 6:11;
• Amós foi chamado para profetizar quando estava cuidando dos gados em Tecoa – Amós 7:14,15;
• Davi foi ungido por Samuel quando estava cuidando das ovelhas de seu pai, Deus declara que o tirou de trás das ovelhas para o colocar no palácio – Salmos 78:70-72;
• Os discípulos foram chamados quando estavam pescando.
Um dos grandes obstáculos que apresentamos a Deus para não trabalhar em sua obra ou não respondermos ao seu chamado está relacionado a nossa falta de tempo e aos nossos muitos compromissos. Mas entenda esse é um dos motivos que Deus lhe chamou, porque você é um homem trabalhador e responsável. Deus nunca chamou para sua obra um preguiçoso e irresponsável!

“Deus nunca chamou para sua obra um preguiçoso e irresponsável, mas simples trabalhadores!”

Deus chama pessoas humildes – Jesus não buscou nas escolas rabínicas da época, nem na elite sacerdotal, mas entre os humildes trabalhadores. Deus escolheu as coisas loucas e as que não são para confundir as que são I Cor.1:26,27.

“Deus deve amar as pessoas comuns, pois fez muitas delas”
Abraão Lincoln

Deus para realizar sua maravilhosa missão, foi atrás de homens ocupados e simples, mas que foram preparados por Ele e capacitados pelo Espírito Santo.

“Dê-me cem homens que não amem nada acima de Deus e que só temam pecar, e com eles eu abalarei o mundo.” John Wesley

“Os primeiros seguidores de Jesus não foram homens grandes neste mundo. Eles não tinham riquezas, fama nem poder. Isso prova que o Reino de Deu não depende dessas coisas. A causa de Cristo avança não por força nem por poder, mas pelo Espírito Santo (Zac.4:6). A igreja que começou com poucos pescadores e espalhou-se pelo mundo, só poderia ter sido fundada pelo próprio Deus.” John Charles Ryle

A NATUREZA DO CHAMADO
Um Chamado Soberano
Não é um desejo do homem que é contemplado por Deus, mas é o próprio Deus quem o chama de uma forma imperativa, direta e soberana. Ele diz: “Vinde após mim” a Pedro e a André e não faz a eles nenhuma promessa de vida fácil ou de vantagens, foi um chamado soberano. Não tem como explicar o chamado de Deus a não ser por sua soberania. Por que Deus me chamaria? Por que Deus lhe chamaria? Certamente que não é por qualquer virtude que tenhamos, mas por um ato de sua total soberania, por isso não nos cabe questionar como Moisés tentou fazer dizendo “Senhor não falo bem”. Ou como Jeremias “Não passo de uma criança”. O que precisamos fazer é obedecer.
“Não temos o direito de questionar o chamado de Deus, o que temos que fazer é obedecer imediatamente!”

Um Chamado para o relacionamento
Antes de ser um chamado para o trabalho, era um chamado para seguir com Jesus, ou seja, se relacionar com Ele. Ir com Cristo, estar com Ele é mais importante do que qualquer outra coisa que possamos fazer. O momento da intimidade deve preceder a qualquer atividade que venhamos a exercer, é preciso ter vida com Deus antes de servi-lo.
“Relacionamento precede o desempenho. A vida precede o trabalho. A vida com Cristo precede o trabalho para Cristo.”
“A vida com Cristo precede o trabalho para Cristo. Santidade pessoal precede o ministério cristão. Primeiro damos ao Senhor o nosso coração, depois consagramos a Ele tudo o que temos. Inverter essa ordem é o mesmo que trocar a raiz pelo fruto, a causa pelo efeito.”
Rev. Hernandes D Lopes
Uma das primeiras coisas que aprendi quando cursei o seminário, foi uma frase dita pelo Rev. Ronaldo Lidório “O caráter precede a missão”, e a transformação de nosso caráter só é possível investindo em tempo com o Mestre. Quão trágico é alguém pensar que é possível fazer algo para Deus sem que antes tenha estado com Ele. O nosso chamado em primeiro lugar é um chamado para um relacionamento com Ele. É por isso que ás vezes encontramos pessoas que são tão talentosas e tão capazes, mas que são tão difíceis de se lhe dar e tão amargas, é por que decidiram trabalhar antes de estarem com Jesus.
“O caráter precede a missão”
Rev.Ronaldo Lidório

Um Chamado que exige resposta imediata
É impressionante como os discípulos não hesitam, não criam objeções, não questionam, não colocam condições, eles simplesmente obedecem. Veja por exemplo o chamado de Mateus no cap.9 v.9, Jesus o chama e ele imediatamente levanta-se e o segue. A renúncia e o rompimento com o passado é uma característica dos seus discípulos, não há negociação e nem tentativa de se viver uma vida dividida. Quando somos chamados por Deus, somos levados a tomar uma decisão que vai implicar em renúncia de nossa parte. Não há a menor possibilidade de ser um discípulo de Jesus sem que haja renúncia de tudo que possa se colocar a frente de Deus. Infelizmente temos visto muitas pessoas que ao serem chamadas por Jesus para: salvação, discipulado ou ministério, tem levantado tantas questões para justificar a sua negativa ao chamado.

Algumas desculpas:
• Não tenho tempo, sou ocupado demais!
• Mais tarde talvez, hoje estou investindo em minha carreira profissional!
• Tenho um filho para criar, portanto não posso agora!
Como se Jesus não fosse soberano e não tivesse conhecimento de todas as dificuldades que esse chamado traria a nossa vida. Jesus espera uma resposta imediata nossa para esse tão importante chamado. A nós basta dizer sim e confiar que Ele a seu tempo vai providenciar todas as condições para que o que foi prometido se cumpra.

Um Chamado que exige preparação
Neste texto Jesus os chama para serem pescadores de homens (Mat.28:18-20), e por 3 anos eles caminham com o Mestre em um discipulado que os prepara para mais tarde fazerem tudo aquilo que as Escrituras nos contam. Existem muitas pessoas que agem com muita boa vontade para realizar o chamado que Deus tem para a sua vida, e às vezes nesta pressa esquecem que existe a necessidade de um preparo. Mesmo após 3 anos caminhando com Jesus, nós vamos ver os seus apóstolos divergindo e errando, imagine se não tivessem passado todo este tempo aos pés de Jesus. O discipulado de Jesus foi feito através de palavras e obras (exemplo). O exemplo não é uma forma de ensinar, mas a única eficaz.
“Simão, o inconstante e covarde, haveria de tornar-se um intrépido apóstolo. João, o filho do trovão, haveria de ser o discípulo amado. Aqueles iletrados pescadores haveriam de revolucionar o mundo. O vaso é de barro, mas o poder é de Deus. Os instrumentos são frágeis, mas a mensagem é poderosa. Os pescadores são limitados, mas a pesca será gloriosa.”
Rev. Hernandes D Lopes

“O exemplo não é uma forma de ensinar, mas a única eficaz.”

Um Chamado com consequências eternas
Primeiro eles foram chamados para a salvação na Judéia (Jo.1:37-40), depois foram chamados para serem pescadores de homens. Todo chamado de Deus ao homem possui uma implicação eterna, quer seja para sua vida ou para a vida de outros. Seremos um dia cobrados pela resposta que demos ao chamado do Senhor.
Ganhar almas é o maior negócio deste mundo, o maior investimento. Quem ganha almas é sábio (Pv.11:30), quem a muitos conduz à justiça brilhará como as estrelas no firmamento (Dn.12:03).

“Pescar homens é arrebatá-los do fogo. É tirá-los das trevas para a luz, da casa do valente para a liberdade, do reino das trevas para o reino da luz, da potestade de Satanás para Deus.”

“Seremos um dia cobrados pela resposta que demos ao chamado que o Senhor nos fez.”

Deixe eu lhe incomodar um pouco com algumas perguntas:
• Que resposta que você tem dado a Deus para os seus 3 chamados: salvação, discipulado (tempo com Ele) e ministério?
• Você é alguém que coloca a salvação de sua alma condicionada ao tipo de cristianismo que outras pessoas vivem?
• Você tenta justificar suas atitudes pelo comportamento dos outros? Não se esqueça que cada um dará conta de sua própria vida a Deus!
• Você é alguém que, assim como os discípulos, poderia se dizer que está sendo discipulado por Ele e seu caráter tem sido transformado por esse convívio?
• Você de fato tem investido em passar bastante tempo com Jesus (oração, Bíblia)?
• O chamado ministerial que Deus fez a você, tem sido levado a sério ou você fica tentando justificar seu descompromisso com todo tipo de desculpa?
• Qual foi a última vez em que você falou de Jesus para uma pessoa não crente?
• Qual foi a última vez em que você levou alguém a Cristo?
Querido irmão entenda, estou querendo com essas perguntas mostrar que você tem um chamado soberano de Deus e as implicações de sua resposta são eternas. Não busque justificativas ao respondê-las, mas assuma um compromisso com Deus e com sua igreja de viver uma vida de comunhão/relacionamento/discipulado com Jesus e de compromisso com o chamado que Deus lhe fez.
Você tem um chamado soberano de Deus e as implicações de sua resposta são eternas
Deus lhe chamou porque Ele tem algo muito maravilhoso a realizar através da sua vida e nós da Missão Batista Betesda queremos ajudá-lo nesta caminhada.
Você foi chamado por Jesus para ser um PESCADOR DE HOMENS!!
Que Deus nos abençoe a honrarmos esse chamado dizendo: “EIS-ME AQUI, ENVIA-ME A MIM!” Isaías 6:8
Pr Fulvio Santos

A JESUS CRISTO SEJA TODA HONRA E GLÓRIA



ESTUDOS BETESDA / I CORÍNTIOS / PARTE 11

QUESTÕES ACERCA DO CULTO
I Coríntios 11
A questão:
Neste capítulo, Paulo vai tratar de dois assuntos que estavam causando bastante polêmica dentro da Igreja de Corinto, são eles:
• A posição da mulher no culto cristão;
• Problemas referentes a Ceia do Senhor.

O que Paulo diz?
A Posição da mulher no culto cristão
Mais uma vez é extremamente importante o conhecimento do contexto cultural em que esse texto foi escrito, para que não se façam interpretações completamente fora do propósito para o que ele foi escrito. Interpretações erradas a respeito deste texto tem levado pessoas, que muitas vezes são sinceras em suas práticas, a entenderem que o uso do véu para mulher é obrigatório, que a mulher não pode “tosquiar-se ou rapar-se” e até mesmo a atribuir valores a Ceia do Senhor que o texto não diz.
Paulo vive em uma cultura onde a mulher não possuía qualquer valor, era considerada inferior ao homem. Na cultura grega chegava-se a afirmar que elas não precisavam de religião. A não ser no culto a Afrodite, onde as mulheres eram as prostitutas cultuais, é que elas poderiam ter participação, até assim era para se prostituir. Da mesma forma na cultura judaica, não existia a possibilidade de uma sacerdotisa mulher ou uma levita mulher, todos os líderes religiosos e todos os que tinham alguma participação no culto, eram homens.
As mulheres quando se convertiam ao cristianismo passavam a poder participar diretamente no culto, pois elas podiam orar e profetizar (v.5). Isso era um grande avanço na liberdade da mulher no contexto religioso, pois até então ela era tida como alguém inferior e que não precisava nem mesmo de religião (como os animais). As irmãs da Igreja de Corinto precisavam então receber uma orientação de Paulo, para que a sua liberdade em Cristo não se tornasse um problema para a igreja.

Paulo então diz:
Usem o véu! V.5
“Nas terras orientais o véu é o poder, a honra e a dignidade da mulher. Com o véu na cabeça, ela pode ir a qualquer lugar com segurança e profundo respeito. Ela não é vista; é sinal de péssimos modos ficar observando na rua uma mulher velada. Ela está só. As demais pessoas à sua volta lhe são inexistente, como ela o é para elas. Ela é suprema na multidão...Porém, sem o véu, a mulher é algo nulo, que qualquer um pode insultar...A autoridade e a dignidade de uma mulher se esvaem com o véu que tudo cobre, quando ela se descarta dele.” Leon Morris
Por uma questão puramente cultural, Paulo aconselha as mulheres a fazerem uso do véu, pois assim elas não seriam confundidas com adoradoras de cultos pagãos e seriam respeitadas onde quer que fossem. Além disso o que distinguia uma mulher do homem, era exatamente o véu. O véu para mulher era sinal de honradez, modéstia e submissão ao marido. Portanto é completamente inadequado a obrigatoriedade do uso do véu para as mulheres de nossas igrejas.

Cabelo curto, “tosquiar-se ou rapar-se” v.6
É impressionante, mas esse verso é interpretado ao pé da letra por alguns grupos que proíbem a mulher de possuir um ato de higiene pessoal. Paulo diz que as irmãs não poderiam cortar o cabelo curto porque senão seriam semelhantes as prostitutas cultuais de Afrodite.

Submissão vs.8 – 10
Submissão não significa inferioridade da mulher em relação ao seu marido, mas que ela precisa ser uma auxiliadora daquele que deve exercer a figura de governo do lar. A palavra cabeça “kephale” (grego), significa governante de uma comunidade.
Geralmente as mulheres “torcem o nariz” quando ouvem falar de submissão, pois lhes vem logo a mente a figura de um homem autoritário e que rejeita o diálogo dentro do lar. Esse tipo de atitude não corresponde a submissão bíblica, pois se para a mulher Deus disse que deveria ser submissa, ao homem Deus disse que ele deveria dar a vida pela sua esposa, além de tratá-la com honra e como a parte mais frágil da casa.
As mulheres da Igreja de Corinto, quando deixavam de usar o véu estavam desonrando seus maridos e isso dentro da cultura era tido como um ato de rebeldia e insubmissão em relação ao seu marido. Hoje não seria o véu, mas qualquer atitude que levasse a desonra e mostrasse desrespeito da mulher em relação ao seu marido e ao seu lar.

Homem e mulher iguais diante de Deus vs.11-16
Paulo vai dizer que “no Senhor” há um interdependência do casal v.11 e que ambos são igualmente importantes para Deus v.12. Existe então uma valorização por Deus da figura da mulher, do homem e da relação entre eles. Mostrando assim que a boa relação entre eles glorificaria o nome de Jesus e daria um bom testemunho para a comunidade.

A Ceia do Senhor
Paulo inicia o texto dizendo “nisto não vos louvo” v.17, pois a celebração que deveria trazer ensinamentos profundos para a igreja estava tendo o efeito contrário.
Eles se ajuntavam para pior v.17 -19 – Havia entre eles partidarismo e desunião. A Ceia é exatamente ao contrário, é um momento de comunhão do Corpo (igreja) com Cristo (cabeça) e dos seus membros entre si (igreja). É impossível participar da Ceia, como Deus quer, estando em desunião com o meu irmão.
Se reuniam para comer! V.20-22 – Historicamente havia uma festa que precedia o memorial, era a festa Ágape (festa do amor), onde os irmãos levavam comida e participavam de um delicioso momento de confraternização e união, pois os irmãos mais ricos compartilhavam de seus alimentos com os mais pobres. Eles estavam fazendo exatamente o contrário, pois os irmãos ricos formavam os seus grupos e deixavam de lado os mais pobres. Comiam, bebiam em seus grupinhos e depois participavam da Ceia como se nada tivesse ocorrido.

Na Ceia do Senhor devemos fazer quatro coisas:
1) Olhar para trás v.26 – “Anunciais a morte do Senhor”, significa que deveríamos relembrar o sacrifício de Jesus por nós. Ele é o sacrifício, o Cordeiro Pascoal, o centro da Ceia!
2) Olhar para frente v.26 – “Até que Ele venha”. A Ceia aponta para a “parousia” (volta do Senhor). A Igreja não pode viver como quem vai viver toda a eternidade na terra, não pode viver com os valores terrenos em mente. Lembre-se que não somos deste mundo, nossos valores são valores eternos. (João 17:14)
3) Olhar para dentro de si v.28 – Este também é um momento de olhar par dentro de si e pedir para o Senhor sondar o teu coração e mostrar o que precisa ser mudado. Paulo diz: Examine-se e coma. Não é para você examinar e não comer. Você não deve fugir da Ceia por causa do pecado, mas fugir do pecado por cauda da Ceia. Este também é um momento de restauração para a igreja.
4) Olhar para os irmãos v.33,34 - O erro da igreja é que os ricos estavam preocupados em encher a barriga e beber, deixando de lado o irmão mais pobre e necessitado. A Ceia nos leva a olhar para o lado e ver o irmão de uma maneira especial, diferente da que eu tenho visto, me importando com suas lutas e necessidades.

“As ordenanças de Cristo podem nos fazer melhores, ou nos farão piores; se elas não nos quebrantarem e nos amolecerem; nos tornarão mais endurecidos.” Mathew Henry

Princípios Bíblicos
• Efésios 5:22 – 33;
• Judas 12
• Mateus 26:26-30.

Perguntas
• Entendeu como é importante o conhecimento da cultura da época em que o texto bíblico foi escrito?
• Entendeu o princípio de submissão e autoridade da mulher?
• Qual o significado da Ceia do Senhor?
• A Ceia me leva a olhar para onde?

Apologia:

“De fato, eu vos louvo porque, em tudo, vos lembrais de mim e retendes as tradições assim como vo-las entreguei.” I Cor.11:2
Igreja Católica Romana – Usa este texto para justificar a obediência as tradições impostas por Roma. A tradição para o católico tem o mesmo/maior valor que a Bíblia.
Resposta: Os preceitos (tradições) no verso acima, trata-se do que viria a ser a Bíblia Sagrada. A transmissão da Palavra de Deus, quando os apóstolos ainda estavam vivos, obviamente era feita de forma oral. Jesus em Mateus 28:20 orienta os seus discípulos a ensinarem o que ele próprio havia ensinado. Mas os discípulos não poderiam por sua própria vontade inserir qualquer ensinamento novo ou contraditório. Em Apocalipse, Deus declara que aqueles que incluíssem ou retirassem qualquer palavra seria amaldiçoado (Apocalipse 22:28).

“...e Deus, o cabeça de Cristo.” I Cor.11:3
Testemunha de Jeová – Dizem que se Deus é o cabeça, Jesus então é inferior a Deus.
Resposta: Devemos observar que o texto diz o seguinte: “E o homem é o cabeça da mulher”. Entretanto, tanto o homem quanto a mulher são da mesma natureza. A Bíblia declara ainda: “E serão ambos uma carne” Gen.2:24. Assim, Jesus e o Pai possuem a mesma natureza divina João 10:30-33.

Pr Fulvio Santos

A JESUS CRISTO SEJA TODA HONRA E GLÓRIA


segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O PECADO DO ORGULHO NO MINISTÉRIO PASTORAL
Richard Baxter


O orgulho é um pecado que tem interesse demasiado naquilo que temos de melhor, e mais odiento e indesculpável em nós mesmos do que em outros homens. No entanto, prevalece de tal maneira, que condena nossos sermões, escolhe nossa companhia, molda nosso semblante, coloca enunciação e ênfase em nossas palavras. Enche a mente das pessoas com desejos e aspirações e domina a alma com pensamentos invejosos e amargurados. Lança-as contra os que permanecem na sua luz ou contra quem quer que possa eclipsar o brilho de sua própria reputação! Que companheiro constante, que comandante tirano, que inimigo sutil e surpreendente é o pecado do orgulho! Acompanha os homens à loja, ao armazém e ao alfaiate: escolhe o tecido de suas roupas, enfeites e moda. Sem o domínio de tal tirano vício, haveria menos pastores a se ocupar primariamente com cabelos e vestes enfeitadas.
Quando elabora o sermão, o orgulho vai conosco ao púlpito. Determina o tom da mensagem, anima-nos na entrega e retira dela o que poderia parecer desagradável ainda que necessário, tudo com vistas ao aplauso vão. Em suma, o orgulho obriga aos homens a buscarem a si mesmos, tanto no estudo quanto na pregação. Desse modo, muitos pregadores negam Deus, quando deveriam estar buscando a negação de si mesmos em favor da glória divina. Deveríamos nos perguntar: "O que devo dizer? Como dizer? O que mais agrada ao Senhor e produzirá maior benefício?". No entanto, continuamos perguntando: "O que devo dizer para que pensem que sou homem letrado, exímio pregador e merecedor do aplauso de todos os ouvintes?".
Ao término do sermão, o orgulho ainda os acompanha. Em casa, desejam saber dos familiares como as pessoas reagiram à pregação, se gostaram e quais os elogios feitos. Alegram-se quando percebem que foram tidos em alta conta, pois julgam ter alca nçado sua finalidade. Se, porém, acham que foram tomados por pregadores medíocres ou fracos, desagradam-se porque não receberam o prêmio almejado.
Isso ainda não é tudo nem o pior! Há pastores que são contados como piedosos e que acham lugar na alta estima dos homens, que, não obstante, invejam os nomes e os talentos de irmãos que recebem preferência. Agem como se o louvor dado a outrem tivesse sido roubado deles. Andam no mundo como homens de reputação, mas pisam e vilipendiam os dons de Deus a outros concedidos, quando estes lhes parecem impedir a própria honra! Será possível que um santo pregador de Cristo inveje outro portador da imagem e dos dons de Cristo, o único merecedor de glória, só porque lhes parecem impedir a própria glória? Não é certo que todo cristão verdadeiro é membro do corpo de Cristo e, portanto, participante das bênçãos do corpo e de cada membro em particular? Não é certo também que cada membro deve ser grato a Deus pelos dons de seu irmão, não só porque se beneficia deles, tal como o corpo todo usufrui a direção do olho, mas também porque os fins de Deus são atingidos pelo exercício dos dons em mútuo benefício? Se a glória de Deus e o benefício da Igreja não forem seu alvo, tal homem não estará vivendo como um cristão. Poderá, um trabalhador, falar mal de seus pares que partilham da realização da obra do Mestre? No entanto, tal crime hediondo é comum entre os ministros de Cristo! Podem macular silenciosamente a reputação de seus colegas quando sentirem que lhes barram o caminho. O que não fazem abertamente, por vergonha, para não serem comprovadamente mentirosos e caluniadores, farão dissimuladamente, por meio de sugestões maliciosas, suspeição e, até mesmo, por omissão. Alguns chegam a não permitir que pregadores mais hábeis ocupem seus púlpitos, para que não sejam mais elogiados do que eles mesmos.
Temerária coisa é que homens com um mínimo temor do Senhor invejem de tal maneira dos dons de Deus dados à Igreja. Preferem que seus ouvintes carnais permaneçam sem conversão e que cristãos permaneçam no sono, a que outros pregadores recebam reconhecimento. Isso é tão prevalecente que muitas congregações grandes sequer vêem necessidade da ajuda de pregadores auxiliares. E difícil achar lugares em que dois co-pastores vivam em amor, harmonia e calma, trabalhando juntos para desenvolver, unânimes, a obra de Deus. A não ser que um seja mais bem considerado e o outro se disponha a lhe ser inferior, não haverá trabalho. Um será senhor e tutor do outro, contenderão ambos pela precedência, invejando e estranhando um ao outro-para vergonha do ministério e para o mal da Igreja. Tenho vergonha de dizer que, quando tento convencer pessoas da liderança de grandes congregações sobre a necessidade de ter mais do que um só pastor, os próprios pastores me dizem que não daria certo. Espero que se trate, na maioria das vezes, de opinião infundada, mas é triste que em alguns casos isto seja verdade. Alguns homens são tão orgulhosos que, quando poderiam ter um co-pastor para desenvolver a obra do Senhor, preferem tentar levar o fardo sozinhos, ainda que a carga seja mais pesada do que consigam carregar, só para não compartilharem a honra e para que não lhes diminua a estima do povo.
Outro mal, igualmente pecaminoso, é que muitos homens valorizem demais as próprias opiniões, criticando diferenças mínimas esposadas por outras pessoas, agindo como se diferenciassem do próprio Deus. Esperam que todos se conformem ao seu juízo, como se reinassem sobre a fé da Igreja. Muitos deles denunciam a falibilidade papal, desejando ser, eles mesmos, papas infalíveis aos quais todos deferem. Exibem modéstia, pretendendo que suas razões sejam evidências da verdade às quais esperam que os homens acedam. Para eles, zelo é sempre em nome da verdade e não em função deles mesmos, mas, de fato, tudo que parte deles tem de ser prontamente visto como verdadeiro e válido. Entretanto, quando suas razões são examinadas, e evidenciadas as suas falácias, tornam-se excessivamente lerdos para acolher a crítica. Assumem que sejam razões pessoais e julgam injusto o fato de terem sido publicamente expostos. Defendem seus erros como se fossem causas pessoais. Assumem que as críticas lhes atingem o âmago do próprio ser.
Nosso espírito é tão altivo que, quando alguém, por dever, nos reprova ou contradiz, tornamo-nos impacientes com a questão levantada e com o modo como a questão é colocada. Amamos o homem que compartilha nossa opinião, repete o que dizemos e promove a nossa reputação. Poderá ser que em outros aspectos ele seja menos digno de nossa apreciação. Porém, contra aquele que de nós difere e nos contradiz, certamente o consideraremos ingrato, até mesmo, quando fala a verdade sobre nossos erros e defeitos. Quando os olhos do mundo estão sobre nós, especialmente no gerenciamento de nossa argumentação pública, não suportamos contraditos ou claras críticas. Sabemos que temos de desprezar a linguagem perversa e que devemos ser zelosos em relação à reputação uns dos outros, tanto quanto nos permitir a fidelidade à verdade. Mas o orgulho obriga muitos de nós a pensar que todo aquele que não nos admira nos condena. Além disso, queremos tanto que admirem o que dizemos, que tentamos submeter o juízo das pessoas aos nossos erros mais palpáveis. Somos exageradamente sensíveis; uma pessoa mal nos toca, e sentimo-nos feridos. Somos tão altivos que uma pessoa menos hábil nas artes do elogio não saberá como atingir nossas expectativas fugidias sem que haja uma palavra ou omissão a que nosso espírito se apegue, tomando-a como injuriosa.
Tenho me perguntado, muitas vezes, sobre como é possível que um pecado tão odiento como o orgulho seja tratado com leviandade e, até mesmo, aceito por pessoas de corações e vida santas, enquanto outros pecados bem menores são proclamados em nosso meio, como objeto de alta condenação. A esse respeito, pergunto ainda sobre qual seja a diferença entre pregadores piedosos e pecadores ímpios. Quando nos dirigimos aos pecadores não-convertidos, mundanos e ignorantes, tratamo-los com desprezo e falamos claramente sobre seu pecado, vergonha e miséria. Esperamos que suportem com paciência as nossas palavras e que sejam, além disso, agradecidos. A maioria daqueles com os quais eu trato realmente aceita com paciência a confrontação. Muitos dos grandes pecadores atendem melhor a pregação veemente, dizendo, até mesmo, que preferem a franqueza ao temor de tratar claramente sobre seu pecado. Entretanto, quando nos dirigimos a pastores que têm aparência de piedade, para falar contra seus erros e pecados, se não usarmos de excessiva honra e reverência, de exagerada afabilidade e, até mesmo, misturando recomendações e repreensões, se o aplauso não prevalecer sobre a força da repreensão, tais pastores se sentem extremamente injuriados.
Certamente, não envolvo todos os pastores em tal acusação de orgulho. Para louvor da graça divina, devo enfatizar que há, entre nós, eminentes pastores realmente piedosos, humildes e modestos, que servem de exemplos para o rebanho e para nós mesmos. Vivem para a glória de Deus, e esta lhes será a própria glória. É o que os faz verdadeiramente honrados ante os olhos de Deus e dos homens de bem e, até mesmo, aos olhos dos ímpios. Que o restante de nós seja assim como eles! Infelizmente, não é o caso de todos.
Quisera o Senhor nos colocasse a seus pés em lágrimas de sincera tristeza por causa do pecado do orgulho! Irmãos, seria preciso alongar mais o tratamento do caso do meu e do seu coração, para que nos reformemos? Não é o orgulho o pecado do diabo, o primogênito do inferno? Não é este o reflexo da imagem do inimigo? Porventura deveria ser tolerado, especialmente no coração de homens engajados na luta contra Satanás e suas hostes?
É da própria natureza do evangelho a nossa humilhação; a obra da graça começa e termina na humildade. Humildade não é apenas mero ornamento da vida cristã, mas um aspecto essencial na vida da nova criatura. Ser cristão sem ser humilde é uma contradição de termos. Todo aquele que quiser ser cristão precisará ser discípulo de Cristo: "Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me" (Mt 16.24); "Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração" (Mt 11.29). Quantos preceitos e exemplos admiráveis a esse respeito o nosso Senhor e Mestre nos deu! Poderíamos, vendo-o lavar os pés dos discípulos, prosseguir sendo orgulhosos? Receberia ele as pessoas mais simples, e nós as evitaríamos como se a ambos fôssemos superiores? Quantos de nós nos encontramos mais na casa dos nobres do que no lar dos pobres — quem mais precisa de nossa ajuda? Há, entre nós, muitos que consideram uma indignidade o passar o dia com os mais necessitados para instruí-los no caminho da vida e da salvação. Seríamos responsáveis apenas pelas almas dos ricos! Que tão grandes feitos temos realizado para que nos orgulhemos tanto?
De que nos orgulhamos? Do nosso corpo? Não é ele composto do mesmo material que os corpos dos homens que discriminamos? Em pouco tempo, não será um cadáver em repugnante decomposição? Ou teríamos orgulho de nossas graças? Quanto mais nos orgulharmos, menos teremos de que nos orgulhar. É absurdo que abriguemos orgulho espiritual no coração, sabendo que a humildade é parte essencial da natureza da graça. Seria em função de nosso conhecimento e preparo intelectual? Se realmente temos algum conhecimento, deveríamos conhecer as razões para nossa humilhação. Se realmente conhecemos mais do que os outros, deveríamos conhecer mais as razões para sermos humildes. Quão pouco sabemos mais do que os ignorantes, diante da imensidade do saber! O fato de termos consciência de quanto foge à nossa capacidade para conhecer, e de quanto somos ignorantes, não deveria ser motivo de orgulho. Os demônios porventura não conhecem mais do que nós? Deveríamos ter orgulho daquilo em que os demônios nos excedem? Nosso mister é o de ensinar ao povo a grande lição da humildade - deveríamos ter orgulho disso? Havemos de estudar a humildade, pregara humildade,possuirahumildade-praticandoahumildade! Umpregador orgulhoso da própria humildade a si mesmo condena naquilo que aprova.
Desejo tratar, de modo íntimo e sincero, com seu e meu próprio coração. Rogo aos irmãos que considerem isto: haverá salvação em nossa pregação sobre a graça da humildade, se nós mesmos não a possuirmos? De que nos adiantará falar contra o pecado do orgulho quando somos, nós mesmos, orgulhosos? Muitos de nós teríamos de fazer diligente auto-exame para saber se nossa sinceridade é congruente com a medida de orgulho que sentimos. Dizemos ao alcoólatra que ele tem de se arrepender para a salvação, e ser moderado; dizemos ao fornicador que ele não poderá ser salvo a menos que se arrependa e abandone o pecado; não teríamos boa razão para dizer a nós mesmos que nossa humilhação evidencia nossa salvação? Na verdade, o orgulho é pecado maior do que o da embriaguez ou da lascívia. A humildade é tão necessária como a sobriedade e a castidade. Como pode o homem andar nos caminhos do inferno enquanto prega insinceramente o evangelho e o aparente zelo de uma vida santa, tal como se estivesse no caminho da embriaguez e da imundícia? O que é santidade, senão devoção a Deus e dedicação à pureza de vida? O que é falta de santidade senão devoção ao ego e dedicação à satisfação dos desejos da carne? E quem vive mais para si mesmo e menos para Deus do que o homem orgulhoso?
Não é possível que um pregador pareça suplantar a todos no estudo, na oração e na pregação, e esteja vivendo para si mesmo, motivado pelo orgulho? Sem os princípios e fins acertados, nenhuma obra testificará nossa retidão. A obra será a de Deus, mas poderá ser que não a realizemos para Deus, mas para nós mesmos. Confesso sentir tal perigo nesse sentido, e permaneço vigilante para que não estude por mim mesmo nem pregue por mim mesmo, ou escreva por mim mesmo em vez de viver por e para Cristo. Não justifico a mim mesmo quando tenho de condenar o pecado.
Tenham zelo de si mesmos e, entre todos os estudos, estudem sobre a humildade. "Quem se exaltar será humilhado, e aquele que se humilhar, será exaltado" (Mt 23.12). Observo que quase todo homem, bom ou mau, despreza o orgulhoso e ama o humilde. O orgulho é tão incongruente que, consciente de sua própria deformidade, muitas vezes, empresta as roupas simples da humildade. Temos maior razão de zelar pela humildade, porque o orgulho é um pecado firmemente arraigado à natureza humana e difícil de ser extirpado da alma.

Fonte: Livro: Manual pastoral de discipulado